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Amamentação

O que a lactante precisa saber para enfrentar  as dificuldades do processo

A nutricionista Eveline Duarte se especializou em nutrição materno infantil
A nutricionista Eveline Duarte se especializou em nutrição materno infantil/Foto: acervo pessoal

A maioria das mulheres reconhece a importância da amamentação, mas nem todas conseguem amamentar. Em muitos casos, trata-se de uma questão biológica, e não há outra maneira a não ser recorrer a complementos alimentares, o que deve ser encarado sem culpa e com orientação médica. Mas há também fatores que costumam atrapalhar a amamentação e podem, sim, ser contornados. E é por acreditar nisso, que a nutricionista Eveline Duarte se especializou em nutrição materno infantil, e hoje desenvolve serviço personalizado para ajudar as lactantes que têm dificuldade nesse processo.

– Ajudo a mãe que já está amamentando e vivenciando momentos de dúvidas e desconfortos. Observo a mamada para identificar problemas, e traçarmos métodos de como prosseguir nesse momento – explica a nutricionista.

Segundo ela, apesar de haver muita informação disponível, algumas mulheres não conseguem manter a amamentação exclusiva pelo período recomendado, até os 6 meses de vida do bebê, pela falta de compreensão e assistência recebidas. E até o excesso de informação pode contribuir para atrapalhar o processo de amamentação.

– Pode parecer um pouco maluco eu falar que a informação nem sempre traz benefícios, mas as mulheres estão muito ligadas a cumprir protocolos e regras. O que elas não podem esquecer é que quando o assunto é um bebê esses protocolos e regras, muitas vezes, funcionam para uns e não para outros. Os bebês não são todos iguais e não vêm com manual. Se a mãe quiser seguir à risca informações sobre ganho de peso, desenvolvimento, choro, quanto o bebê mama, cumprir horários, etc, em vez de entender seu próprio filho e formar o vínculo maternal no inicio da vida dele, provavelmente não conseguirá dar continuidade ao aleitamento e entrará com complementos de leites artificiais muito antes de o bebê completar 6 meses – explica Eveline, lembrando também que cansaço, restrição do sono, inexperiência, dúvidas e comparações com outros bebês também contribuem para insucesso da amamentação.

Confira as respostas da nutricionista para as dúvidas mais frequentes sobre amamentação:

Mães que estão grávidas, amamentando ou querem engravidar podem consumir suplementos para malhar?

Eveline – Não há comprovação científica de que os suplementos para melhorar performance na atividade física são seguros e recomendados para esse grupo de mulheres, por isso, melhor ficar longe da suplementação nessa fase.

Quais as vantagens e importância do aleitamento?

Eveline – É um alimento completo; protege contra infecções e alergias; diminui obesidade futura; é bom para bom para o desenvolvimento infantil, assim como para a dentição e fala.

Qual a influência da dieta da mãe na composição do leite?

Eveline – Assim como na gestação, no aleitamento, a mãe precisa manter uma alimentação focada em nutrientes. A composição do leite materno será determinada pela quantidade de ingestão.A única forma de aumentar o volume de leite da mãe é o consumo de água, além de o bebê sugar corretamente.

Quais alimentos devem ser evitados e quais estão liberados?
Eveline – A alimentação balanceada, sem excessos e sem álcool é a recomendada para a mãe que amamenta.

A alimentação da mãe realmente influência na cólica do bebê?

Eveline – Não se tem dados científicos de que os alimentos que a mãe ingere tenham influência nas cólicas dos bebês. O sistema digestório do bebê ainda está em maturação, o intestino ainda não faz os movimentos de forma regular por imaturidade do sistema nervoso central e é preciso esperar o tempo de cada bebê para que essa adaptação intestinal aconteça. A entrada de ar ao amamentar também é um motivo de desconforto do bebê. Quanto maior contato com o bebê, mais ele vai se acalmar no momento da dor.

Existe intervalo recomendado entre cada mamada?

Eveline – Não existe um tempo específico que os bebês espacem as mamadas, por isso, o ideal é a livre demanda até que o bebê se adapte aos horários que são bem individuais. Sabe-se que esse intervalo acontece de duas a quatro horas.

Como evitar fissuras e dor nas mamas?

Eveline – Não usar cremes, pomadas, sabão ou sabonete nos mamilos; não manipular muito as mamas durante a gestação; banho de sol nas mamas de dez a quinze minutos sem roupa; fazer massagens circulares antes e depois de cada mamada para facilitar a ejeção de leite e não formar nódulo; fazer sempre as posições corretas; observar a pega “peixinho” para não fissurar a mama; passar sempre um pouco do próprio leite após a mamada, assim evita e trata pequenas fissuras; evitar roupas que abafem as mamas, pois o leite sai naturalmente e pode aumentar a contaminação por um ambiente propício (temperatura ideal e umidade).

Quando o mamilo já está machucado, o bebê pode sugar mesmo assim?

Eveline – O aleitamento materno nunca é contra indicado em casos de fissuras mamárias. Fato que o desconforto e a dor são fatores importantes para que a mãe pense em interromper a amamentação, mas o ideal é orientar a lactante sobre os cuidados e o tratamento para cicatrizar o mais rápido possível as fissuras. A ordenha com o uso da bomba ou a extração manual costumar causar menos dor do que a sucção do bebê, e assim, a mãe oferta o leite materno no copinho ou na seringa até que sua mama esteja menos dolorida e ela consiga suportar a pega do bebê. O banho de sol direto nas mamas por quinze minutos é uma alternativa que também auxilia no processo. E o mais indicado no tratamento das rachaduras da mama, o próprio leite materno. As mães costumam esquecer que carregam com elas um forte aliado de imunoglobulinas e vitaminas que ajudam contra infecções e na cicatrização. Passar o leite nos mamilos antes e depois das mamadas é um “santo” remédio para prevenir e tratar as fissuras mamárias.

Quais as posturas adequadas para amamentar?

Eveline – A posição tradicional para amamentar, em que a mãe está sentada, numa poltrona confortável de preferência com braços e uma pequena banqueta para apoio dos pés. Utilizar um travesseiro para apoiar o braço e o bebê de tal maneira que este fique na altura da mama. O corpo do bebê deverá estar de encontro ao da mãe, barriga com barriga. A posição da mãe sentada, com o bebê colocado por baixo do braço dela; a mãe sentada e o bebê sentado, com as perninhas abertas ou encolhidas em uma das pernas da mãe; a mãe deitada de lado na cama e o bebê deitado de lado e de frente para a mãe. Mas a posição deitada não é a mais recomendada por uma questão de segurança, pois a mãe pode dormir e ficar por cima do bebê, ou então, o bebê regurgitar e bronco aspirar sem que a mãe perceba.
É recomendável reforçar o aleitamento com fórmulas infantis?

Eveline – As fórmulas infantis foram desenvolvidas para suprir necessidades específicas de mães que não possam amamentar, por isso, não devem ser banalizadas e usadas por qualquer motivo que tenha solução de reversão. São composições diferentes, que têm mais proteínas e mais carboidratos, mais aditivos químicos, além de serem mais alergênicas por serem de leite de vaca.

Os bicos de silicone ajudam na amamentação?

Eveline – Não há comprovação de que os bicos de silicone sejam seguros para a manutenção da amamentação. Por isso, seu uso deve ser limitado. Em casos de mamilo plano, é recomendável massagear ou aplicar compressas frias nos mamilos imediatamente antes das mamadas. Em mamilos invertidos, tentar moldá-los com os dedos ou utilizar bomba de sucção. Em mamilos mais difíceis e em bebês prematuros com sucção fraca ou dificuldade em manter a pega da aréola, e a mãe tendo realizado todas as manobras acima e, ainda assim, não obtendo sucesso, o produto pode ser experimentado. Mas seu uso precisa ser temporário na esperança de preservar a amamentação até que o recém-nascido aprenda a sugar para não haver confusão de bicos.

O silicone atrapalha a amamentação?

Eveline – A técnica adotada pelos cirurgiões da colocação de próteses de silicone não atrapalha no aleitamento.

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