Educação Família

Brincar com os filhos vai muito além da diversão

Criança adora brincar com os pais, e isso é muito importante para o desenvolvimento delas 

Quer brincar comigo? A pergunta, tão natural entre as crianças, também costuma ser feita por elas aos adultos. Afinal, no universo infantil, não há nada mais divertido do que brincar e, para muitas crianças, nada mais importante do que vivenciar este momento com os próprios pais. Se você é o tipo de mãe ou pai que joga bola, cuida de bonecas e entra no mundo de faz de conta proposto por seu filho ou filha, saiba que você faz muito mais do que proporcionar diversão.

– A experiência do brincar para a criança é de extrema importância para o seu desenvolvimento, pois promove a absorção de conhecimentos por meio do seu corpo em movimento, da cognição e da relação com os demais. Nesta atividade são recrutados mecanismos neurofisiológicos essenciais para o desenvolvimento bio, psico e social da criança. Por meio do brincar, os pais estimulam o desenvolvimento qualitativo de seus filhos, uma vez que aprofundam sua relação de afeto, permitindo com que seu filho vivencie uma experiência investida de aprendizagem e troca afetiva – afirma Fátima Vasconcelos, mestre em Educação, especialista em Neurociências e professora de Psicomotricidade do Colégio Cruzeiro.

Segundo a psicóloga Juçara Vianna, a criança tem necessidade de incluir seus pais no seu mundo; e os pais, quando estão disponíveis para brincar, contribuem ativamente para a formação dos filhos.

– Através da brincadeira, podemos compreender de que forma o filho está se relacionando com o mundo. É muito valioso os pais terem disposição para embarcar no mundo da brincadeira, onde a fantasia contribui para compartilhar valor, amor, tempo, alegria e doces momentos que contribuem para a formação do ser – explica Juçara.

Alexandre, a esposa, Taynah, e as filhas do casal, Lívia e Laura / Foto acervo pessoal
Alexandre, a esposa, Taynah, e as filhas do casal, Lívia e Laura / Foto acervo pessoal

O aeronauta Alexandre Henriques Salino não tem dúvidas disso. Para ele, brincar com a filhas Lívia, 8 anos, e Laura, 6 anos, é muito mais do que diversão.

– Brincando, passamos a nos conhecer melhor uns aos outros e a conhecer as tendências dos nossos filhos, tanto as positivas quanto as que ainda precisam ser trabalhadas. Consigo observá-las crescendo, amadurecendo. A troca de carinho é muito boa, e acabo aprendendo muito com elas. É um jeito de participar da vida delas, ver como estão pensando – avalia Alexandre.

Falta de tempo, cansaço e preocupações costumam atrapalhar momentos de brincadeiras entre pais e filhos. Ninguém é de ferro, mas vale a pena se esforçar para dar atenção, de verdade, às demandas das crianças.

– O cansaço faz parte da vida moderna, mas é necessária a sensibilidade dos pais em compreenderem que seus filhos precisam de um tempo com qualidade ao lado deles. Nenhuma babá ou cuidadora vai conseguir suprir a ausência dos pais. É preciso reservar tempo para compartilhar de momentos com a criança em atividades infantis e simples, como ir à praça, jogar bola, brincar de jogos e de casinha, desenhar – diz Juçara, lembrando que brincar é fundamental para a criança vivenciar sentimentos e frustrações, e contribui para o desenvolvimento cognitivo e emocional.

Claudia e Carlos Eduardo / Foto Acervo Pessoal
Claudia e Carlos Eduardo / Foto Acervo Pessoal

Para a diretora comercial Claudia Motta, o maior desafio é estar disponível para as brincadeiras com o filho, Carlos Eduardo, de 6 anos. Ainda assim, ela não deixa de brincar com ele.

– Muitas vezes estou tão cansada que sugiro vermos filme na TV, e simulo uma sessão de cinema com pipoca e suco. Ele adora. Ou sugiro lermos um livro, deitadinhos na cama, ou uma partida de dominó – diz Claudia, que também arranja tempo para as brincadeiras sugeridas pelo filho. – Acho de extrema importância tentar criar uma rotina para brincar com ele, principalmente porque percebo que diante das brincadeiras passo a conhecê-lo melhor. Como uma boa observadora, começo a perceber pontos fortes e fracos do meu filho, o que me dá base e oportunidade de ajudá-lo no desenvolvimento – diz Claudia.

As brincadeiras vão mudando de acordo com o amadurecimento das crianças, mas os momentos lúdicos na companhia dos pais ou responsáveis diretos podem, e devem, continuar, independentemente da idade.

– Não existe uma faixa etária específica e mais necessária para o exercício do brincar entre pais e filhos, pois é fundamentalmente importante que as relações de afeto, experiências sensoriais e motoras estejam sempre presentes em nossas vidas. O brincar deve sempre se fazer presente, o que pode mudar, no entanto, são as características, a forma e a abordagem deste “brincar”, pois a necessidade de convivência, trocas afetivas, aprendizagens e experiências são fundamentais ao longo de toda nossa vida – avalia Fátima Vasconcelos.

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