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Bullying na escola

Um comportamento que afeta vítima e agressores, e  que precisa ser percebido e combatido também pelos pais

 

A infância é uma fase repleta de descobertas e encantos. É evidente a importância que ela tem na formação do indivíduo, pois é na infância que aprendemos sobre o mundo, sobre as coisas básicas da vida. Por isso, é de extrema importância que os adultos que convivem e participam ativamente da vida de uma criança, fiquem atentos às suas necessidades, curiosidades, desejos e insatisfações, porque nem sempre a infância é um “mar de rosas”.

O bullying é um assunto muito comentado e discutido atualmente, isso porque, frequentemente, nossas crianças e jovens tem se tornado alvo de repetitivas práticas agressivas. Esse termo vem do inglês e se refere a pessoas que intimidam, agridem ou se aproveitam de outras pessoas. O que está por trás do bullying é um desejo consciente de maltratar o outro e, infelizmente, o “outro” pode ser seu filho.

O bullying pode ocorrer em qualquer ambiente como shopping, clube, playground, cursinho e até mesmo no ambiente familiar, mas o mais conhecido e noticiado é o que acontece nas escolas. Especialistas afirmam que a maioria das escolas brasileiras não está preparada para lidar com o bullying. E acrescentam que não se trata apenas de um problema de questão pedagógica, mas de uma ação que necessita do envolvimento de todos os lados afetados: alunos, pais, professores e a sociedade de forma geral.

Identificar o bullying é um enorme desafio para pais e educadores, isso porque, na maioria das vezes, essa prática se confunde com meras brincadeiras. Em um ambiente escolar acontecem, todos os dias, muitas coisas o tempo todo. São crianças e adolescentes em pleno desenvolvimento e construindo relações sócio-afetivas. Muitas vezes, a relação que mantém uns com os outros passa pela brincadeira, pelo deboche ou, como eles mesmos dizem, pela “zoação”.

Mas existe um abismo entre o bullying e a simples brincadeira. A prática do bullying ocorre dentro de uma relação desigual, onde quem o pratica executa ações agressivas, humilhantes e de demonstração de poder contra o “colega”. Essa prática não escolhe sexo, mas pesquisas afirmam que o número de meninos ainda é maior entre as vítimas e agressores. As vítimas são quase sempre crianças tímidas, que normalmente não se posicionam e que possuem alguma diferença. Pode ser pelos óculos que usa, por sua etnia, sua forma de falar, andar e vestir ou ainda, características físicas como estar acima do peso ou ser baixa demais, por exemplo.

Psicólogos orientam que é importante ficar atento a possíveis mudanças de comportamento e de humor das crianças e para isso é necessário acompanhar o dia a dia do seu filho para perceber se ele está sofrendo ou praticando o bullying.  Alguns sinais, como depressão, falta de apetite, irritação, nervosismo, tristeza, medo, vergonha, falta de autoestima e queda do rendimento escolar, revelam que a criança pode ser vítima de bullying. Além disso, a criança passa, frequentemente, a se recusar em ir para a escola. Pode fazer isso de forma direta ou ainda velada “inventando” dores de cabeça ou de barriga, por exemplo.

Já quem pratica, tende a ser impulsivo e com extrema capacidade de liderança e manipulação. São quase sempre agressivos e admiram quem age dessa forma, pois consideram a agressividade uma qualidade. Mas, engana-se quem pensa que essa criança não sofre. Ela sofre sim, mas seu sofrimento é outro. Muitas vezes, essas crianças apenas reproduzem o “modelo” impróprio que recebem em casa. Possuem valores invertidos e carregam dentro de si uma série de conflitos que não conseguem resolver. O bullying entra na vida dessa criança como uma possibilidade de descarregar no outro a angústia que sente.

O primeiro passo para ajudar é reconhecer que seu filho precisa de ajuda. Para isso, não subestime os sentimentos de quem, possivelmente, está sofrendo bullying. Não diminua o problema dizendo que também passou por isso e sobreviveu, pois cada um reage e sente de forma própria. Também, não ignore as atitudes de quem pratica. Para muitos pais, é difícil admitir falhas e desvios de conduta em seus filhos. Eles preferem culpar os outros, mesmo reconhecendo que seu filho está errado. Converse com seu filho e ouça o que ele tem a dizer, fique atento, acompanhe de perto sua rotina, faça-o perceber que não está sozinho e que juntos vão resolver essa situação. Em alguns casos é necessário o acompanhamento de um especialista.

O bullying é um problema mundial, portanto não dá mais para cruzar os braços e fechar os olhos para essa realidade. É urgente e necessário que todos nós (pais, familiares, professores, psicólogos…) possamos ajudar nossas crianças e jovens a se conscientizar do quanto esse comportamento é inadequado e, principalmente, a combater essa prática. As experiências vividas na infância são a base para a construção da personalidade adulta e as consequências negativas desses atos são igualmente devastadoras para quem sofre e para quem pratica.

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