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A cesárea como opção

A opção de Monique Arruda parece ter decepcionado, mas ela não se arrepende

“Sempre levei uma vida bem saudável. Nunca bebi, nunca fumei, sempre evitei fritura e sempre fiz muito, muito esporte. Busco levar a vida o mais próximo possível da natureza. Meus destinos quando viajo são sempre para paraísos e nunca para cidades grandes. Gosto de respirar ar puro, surfar e estar em contato com os animais. Sabendo do meu perfil, quando engravidei, quase todos pensaram: “A Monique vai ter parto normal. Ela nunca faria uma cesárea”.

E não, não foi isso. E a minha opção por cesárea parece que foi uma decepção para muita gente. As pessoas ficavam espantadas quando falava que “cortaria” minha barriga, não queria esperar as contrações e não tinha medo do pós-parto, teoricamente “mais complicado”.

Sim, minha cesárea foi uma opção, uma escolha minha. Apesar do meu estilo de vida bem “natural”, nunca passou pela minha cabeça ter parto normal. Não é que eu tenha medo da dor do parto, sou bem resistível a dor, mas acho desnecessário ficar horas sofrendo, ir correndo para o hospital, criar um estresse para meu bebê e tudo mais.

Acho que muito do que falam sobre parto normal é modinha de programa romantizado de TV a cabo. Não me sinto mais fraca, menos mulher ou menos mãe por ter cortado a barriga na hora em que minha médica achou que fosse bom. Não me senti mutilada e nem fui forçada pela obstetra, que por sinal é uma ótima profissional. Meu filho nasceu super saudável, no momento certo para mim e para ele e sem sofrermos.

Fui dirigindo para o hospital, conversando com ele e dizendo que em poucas horas ele estaria em meus braços. A cirurgia foi super tranquila, não senti dor no pós-parto. Apenas três meses depois, a cicatriz é super fina e quase imperceptível, não sangrei quarenta dias, apenas dois.

Não fiquei cheia de gases. No dia seguinte ao parto, que aconteceu às 20:14 do dia 24 de abril, recebi mais de 40 pessoas na maternidade e conversei com todas, fiquei em pé, andei com meu filho e é assim é até hoje. Tudo de uma forma bem tranquila.

Ah, tudo bem! Se fosse parto normal, em 30 dias estaria liberada para fazer exercícios físicos, como foi cesárea, esperei 60 dias. Mas, quem tem vontade de deixar um bebezinho lindo de apenas um mês em casa para correr na praia, treinar jiu-jitsu ou surfar? Tudo o que eu mais queria e quero é estar ao lado dele, bem coladinha. Agora o resto é o resto e vem aos poucos.

Este relato é só para dizer que sim, a cesárea pode ser uma escolha e não uma opção caso o parto normal não dê certo. Lembro de cada cara de surpresa e de cada vez que tentaram me convencer de que parto normal seria bem melhor. Não me arrependo da cesárea. A medicina está aí para isso, é super seguro, inclusive mais seguro para o bebê do que o parto normal, o pós-parto não é um bicho de sete cabeças. Não me senti mutilada e nem menos mulher. Cada mãe sabe o que é melhor para si. Vamos respeitar a opção pela cesárea”.

Monique Arruda é jornalista e mãe de Gabriel, de 3 meses.

Para participar, mande seu texto para marta@quemcoruja.com.br ou fadua@quemcoruja.com.br. Sua história pode ajudar e inspirar muita gente.

(2) Comentários

  1. Juliana Stewart diz:

    Ótimo texto! 👏🏼

  2. Maria Cristina Valente diz:

    Seu corpo, suas regras. Cada mulher sabe o que é melhor para si mesma. E suas decisões devem ser acolhidas e respeitadas. O tipo de parto não faz ninguém melhor ou pior mãe. Parabéns, Monique.

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