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Criança pode ser vegetariana?

Nutricionista explica que a dieta pode ser saudável se a família estiver bem orientada

Quando pais vegetarianos decidem criar seu filho dentro do vegetarianismo eles precisam, antes de tudo, estar bem informados quanto aos nutrientes que podem ter sua ingestão ou absorção prejudicadas neste tipo de dieta para evitar problemas no desenvolvimento infantil. É o que afirma a nutricionista Isabel Andrade, da clinica Venutri. Segundo ela, uma dieta vegetariana infantil, com o devido planejamento, é perfeitamente viável e saudável.

– Até os seis meses de idade a alimentação deve ser somente via aleitamento materno. Se por ventura isto não for possível, apenas fórmulas infantis industrializadas, adequadas a esta fase da vida, devem ser oferecidas ao recém-nascido. A partir dos seis meses e até os 2 anos de idade, outros grupos de alimentos, cada um no seu momento, devem ser introduzidos. Não há necessidade de introduzir nenhum produto de origem animal (a não ser o leite materno), e quanto mais cedo a criança for exposta aos diferentes alimentos de origem vegetal, melhor a aceitação – explica.

A partir do início da alimentação sólida, os nutrientes que merecem atenção em uma dieta vegana infantil são a vitamina B12 (encontrada em alimentos fortificados ou suplementos), o ômega-3 (presente no óleo de linhaça), a proteína (encontrada nas leguminosas e nas castanhas), o ferro (abundante nas frutas, vegetais verde-escuros, no melado-de-cana, nas castanhas e nas leguminosas) e o cálcio (encontrado nas mesmas fontes de ferro, basicamente).

Pesquisas mostram que o consumo de carne não é essencial para o desenvolvimento. De acordo com a nutricionista, crianças veganas necessitam da mesma quantidade ou ligeiramente um pouco mais de proteína do que as não vegetarianas. Isso ocorre por que a proteína de origem vegetal tem menor digestibilidade quando comparada à animal.

– Para atingir as necessidades de proteínas, a criança deve consumir ao longo do dia várias porções de diferentes fontes de proteína, como cereais, sementes, castanhas e feijões – afirma.

Outro ponto importante é a ingestão calórica. Como os vegetais contêm mais água e mais fibras, a saciedade oferecida por uma dieta isenta de produtos de origem animal é maior e com isso a ingestão calórica pode acabar sendo demasiadamente reduzida. O segredo é incluir na dieta os alimentos vegetais mais calóricos (como as castanhas, por exemplo) e não exagerar nas fibras, devendo ser excluídos da dieta vegetariana infantil os farelos e outras fibras adicionadas.

– Crianças vegetarianas geralmente apresentam um ritmo de crescimento adequado e consomem a mesma quantidade de calorias que as crianças não vegetarianas. Mas como os alimentos mais consumidos são de baixo teor de calorias, os pais devem incluir diariamente itens com alta densidade calórica, como nozes, abacate e pasta de gergelim – orienta.

A nutricionista alerta cautela, no entanto, com a introdução de derivados de soja na alimentação de crianças até o segundo ano de vida, por ser de difícil digestão e alta alergenicidade. Outro cuidado é com as oleaginosas, que também podem causar alergias.

A deficiência em ferro, que é vital para um crescimento adequado, é a carência nutricional mais comum em crianças vegetarianas.

– A necessidade de ferro nas crianças vegetarianas é maior que nas não vegetarianas. Recomenda-se, entre outras práticas alimentares, incluir suco de frutas natural, feito na hora, junto as principais refeições.

Outra característica é que a ingestão de cálcio por veganos é geralmente mais baixa que a de ovo-lacto-vegetarianos e de onívoros. Apesar de o leite ter maiores concentrações de cálcio comparado aos demais alimentos, a absorção e o aproveitamento deste mineral em verduras é melhor que o encontrada no leite. Além disso, os veganos podem ter menor necessidade de cálcio que os não vegetarianos:

– Já se demonstrou que dietas pobres em proteína total e mais alcalinas melhoram a utilização do cálcio pelo organismo. Quando a dieta além de isenta em proteína animal é pobre em sódio, e a criança é ativa fisicamente, a necessidade de cálcio parece ser menor que a de uma criança sedentária que se alimente com uma dieta ocidental padrão. As dietas veganas podem fornecer cálcio em quantidade adequada caso incluam várias vezes ao dia alimentos ricos em cálcio como couve, couve-flor, brócolis e gergelim.

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