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Cuidados com os olhos

Exame de vista é feito já na maternidade. E bebês também devem ser levados ao oftalmologista 

Vitrines de óticas não deixam dúvidas. Crianças usam óculos, e não nasceram assim, não. Mas é já nos primeiros dias de vida que elas devem fazer o primeiro exame de vista, o chamado teste do olhinho. E, depois disso, que cuidados devem ser tomados com os olhos dos pequenos?

Quem Coruja perguntou à oftalmologista Helena Arcanjo, especialista em estrabismo e baixa visão. Oficial médica da Polícia Militar do Rio de Janeiro, ela também trabalha no Centro de Oftalmologia Especializada, COE-RIO, e é médica voluntária no departamento de baixa visão do Instituto Benjamin Constant. Confira as orientações:

Quem Coruja – O primeiro exame na vista do bebê é feito ainda na maternidade. Que tipo de exame é este?
Dra. Helena Arcanjo – Desde 2002, está instituído no município do Rio de Janeiro a obrigatoriedade do teste do olhinho, que é realizado nas maternidades municipais e em algumas estaduais e particulares. O exame pode ser feito por pediatra habilitado, que, em casos suspeitos, encaminha para o oftalmologista. O exame é inofensivo para o bebê e essencial no diagnóstico de patologias que podem comprometer o pleno desenvolvimento visual da criança. O sistema visual não nasce pronto e qualquer alteração que comprometa a transparência dos meios, como catarata congênita, glaucoma congênita e retinoblastoma, que são as principais patologias identificadas pelo exame, pode afetar irreversivelmente o desenvolvimento visual impedindo a reabilitação dessas crianças.

QC- Há uma idade certa para a primeira consulta ao oftalmologista?
Dra. Helena – Se for possível, já nos primeiros dias de vida. É bom para esclarecimentos sobre o desenvolvimento visual e o que é normal e o que é alarmante durante os primeiros anos de vida. Após o primeiro ano, se não forem observados atraso no desenvolvimento motor e nem atrasos nos marcos de desenvolvimento da criança pelo pediatra, a segunda consulta deverá ocorrer entre 18 e 24 meses, período de desenvolvimento máximo da visão com acuidade visual próxima do adulto, visão de profundidade desenvolvida assim como campo visual e cores. Esse segundo exame consiste na avaliação completa do sistema visual com uso de colírios. As crianças podem se sentir incomodadas e a postura positiva dos pais ou acompanhantes facilita muito o exame.

QC – Como os pais podem perceber se há algum problema na visão da criança?
Dra. Helena –  É esperado que o bebê fique estrábico durante alguns momentos e situações nos primeiros seis meses de vida. Após esse período, se a alteração persistir ou aparecer em qualquer momento, a criança deve ser encaminhada imediatamente ao oftalmologista especialista em estrabismo para iniciar investigação adequada. Outra alteração comum é a obstrução do canal lacrimal, que pode ser uni ou bilateral e se resolver espontaneamente ou persistir por meses mesmo com tratamento adequado, que consiste em massagem repetitiva e é responsável por até 98% de resolução até um ano de vida. O problema é que muitas vezes essa alteração é diagnosticada como conjuntivite de repetição e há uma perda de tempo importante para o tratamento assim como exposição desnecessária a medicamentos que podem levar a alergias e alterações oculares. É importante observar também se há assimetria das pálpebras.

QC – Quais são os problemas mais comuns de visão na infância? E como são tratados?
Dra. Helena – As alterações mais encontradas são os erros refracionais, que acarretam em uso de óculos, e estrabismos, que podem levar a ambliopia (olho preguiçoso). Dependendo do caso, pode ser tratado com uso de óculos, oclusão ou cirurgia. O diagnóstico tardio e o tratamento inadequado comprometem o desenvolvimento visual, que é contínuo até os sete anos.

QC – Que cuidados devem ser tomados para preservar a visão?
Dra. Helena – Os principais cuidados em relação aos olhos, além da visita ao oftalmologista, são o cuidado à exposição excessiva a equipamentos que emitem luz e a proximidade aos olhos durante o uso, como tablets, smartphones e similares. Se a criança não apresenta baixa visão, não há motivo para se aproximar, por exemplo, da televisão. Esses e outros aparelhos, se usados por um período superior a três horas consecutivas diariamente, podem se tornar um transtorno no futuro, como o aumento da incidência de miopia em crianças antes da adolescência.

 

(2) Comentários

  1. maria da gloria diz:

    gostaria de obter o contato da dr Helena Arcanjo.

    1. Marta Paes diz:

      Olá, Maria
      A Dra. Helena Arcanjo atende no COE-Rio, em Botafogo. Tel.: (21) 2196-0600.
      Atenciosamente
      Equipe Quem Coruja

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