Educação Família

Espírito de atleta

Quando o gosto pelo esporte e o compromisso com treinos e competições começa cedo 

Crianças gostam de correr, pular, jogar bola. E para muitas delas, não se trata apenas de brincadeira, mas de compromisso com o esporte. Sim, o espírito de atleta aparece cedo e pode ser visto em competições escolares e em equipes infantis de vários clubes desportivos. Mas o esporte, é bom lembrar, deve caminhar junto com a educação. Uma coisa não precisa anular a outra; pelo contrário, o desenvolvimento da criança pode ser muito beneficiado com o equilíbrio certo.

Enzo Ramalho joga futebol há quatro anos / Arquivo pessoal
Enzo Ramalho joga futebol há quatro anos / Arquivo pessoal

O apoio da família, claro, é fundamental. É assim que Enzo Ramalho, de 11 anos, tem conseguido se dedicar ao futebol há quatro anos, participando até de torneios internacionais. Depois de passar pela escolinha e equipe do Barcelona, ele agora compete pelo União CT, no Rio de Janeiro.

– Nós o apoiamos muito. Levamos sempre aos treinos e aos jogos de fora. Incentivamos na alimentação, que fica mais regrada, com frutas, legumes e verduras. Na hora que bate a preguiça, não deixo faltar, e ele aprende, desde cedo, o que é responsabilidade – diz a esteticista Elayne Ramalho, mãe de Enzo.

Júlia Vela, de 7 anos, também encontra em casa sua maior torcida. A desenvoltura nas aulas de Ginástica Olímpica fez com que ela fosse convidada a fazer parte da equipe do colégio. E o esporte é levado a sério.

– Júlia é extremamente focada e disciplinada com os treinos e as competições. Em dia de competição, dorme preocupada em não perder a hora para não chegar nem um minuto sequer atrasada – conta a economista Ana Paula Vela, mãe da menina. – Vamos a todas as competições que ela participa e procuramos dar “palpites” onde achamos que ela pode melhorar o desempenho. Nas Olimpíadas, vamos tentar levá-la para assistir a uma competição de ginástica olímpica. Ela já está sonhando com isso.

No caso de Júlia, o foco no esporte não atrapalha o currículo escolar. Ana Paula vê até vantagem nessa relação.

– Acredito que o esporte reforça a disciplina e favorece a concentração – afirma.

Elayne Ramalho reconhece que a rotina do filho é intensa, mas também destaca o comprometimento dele com os estudos.

– Ele é muito responsável e se cobra se não atingir notas boas. É bom aluno, mas tem que correr atrás, sempre, para manter os estudos atualizados. O esporte em si é muito sacrificante – avalia.

Outro cuidado importante é preparar a criança para a própria natureza das competições, onde nem sempre é possível vencer, e estar atento ao interesse e entusiasmo que ela demonstra pela atividade.

– O esporte possibilita o desenvolvimento de habilidades motoras, sociais, cognitivas e emocionais. O segredo é adequá-lo ao processo de desenvolvimento motor, social e afetivo da criança para que seja realmente um benefício. A competição tem que ser bem orientada, pois há diferentes formas de competir e é preciso tempo para o amadurecimento. O educador é o elemento central neste processo. O esporte por si só não educa. Se iniciar precocemente a participação numa competição oficial (regras oficiais, etc) pode trazer uma frustração enorme na criança e ela desistir muito cedo. Conheci vários potenciais do esporte que não chegaram em lugar algum por causa desta forma de participar de competições – orienta Dora Castanheira, coordenadora socioesportiva do Transforma, programa de educação da Rio 2016 dentro das escolas.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *