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O que é infertilidade conjugal?

A especialista em reprodução humana Rosana Rodrigues explica as principais causas

A fertilidade do ser humano é relativamente baixa. Este é o primeiro conceito que é preciso saber quando se está tentando engravidar, afirma a ginecologista e especialista em reprodução humana Rosane Rodrigues. Segundo ela, um casal apresenta cerca de 20% chance de engravidar em cada mês, e por isso, é comum haver algum tempo entre o início das tentativas de engravidar e a gestação. Mas, então, quando um casal deve pensar em infertilidade? De acordo com a médica, define-se como infertilidade conjugal a ausência de gravidez após 12 meses de relações sexuais regulares, sem uso de método anticoncepcional.

– Após um ano sem conseguir engravidar, o casal deve procurar assistência médica para uma avaliação adequada – orienta a Dra. Rosana, lembrando que existem situações nas quais este tempo deve ser menor. – Quando a mulher tem 35 anos ou mais deve procurar ajuda após seis meses de tentativa. Outros exemplos são os casais em que há uma suspeita de uma alteração inicial, como presença de menstruações irregulares, síndrome dos ovários policísticos, endometriose, infecção pélvica prévia, gestação ectópica anterior, laqueadura tubárea ou vasectomia – afirma.

A infertilidade, portanto, não é um problema raro e atinge cerca de que 15% dos casais. A obstetra explica que todas as etapas do processo reprodutivo precisam estar em perfeito funcionamento para ocorrer a gravidez. As principais fases são a ovulação, a captação do óvulo pela tuba, a fertilização deste pelo espermatozóide e, por fim, a implantação do embrião formado no útero.

As principais causas de infertilidade feminina

– Falta ou irregularidade da ovulação: a ovulação é o processo no qual o óvulo, armazenado dentro dos ovários, é liberado mensalmente. Mulheres que ovulam normalmente apresentam menstruações regulares. Mulheres com a síndrome do ovário policístico, por exemplo, podem apresentar menstruações irregulares e por isso não ovulam adequadamente. De acordo com a médica, outras doenças também podem afetar a ovulação, como tumores produtores de prolactina, hipotireoidismo, tumores produtores de androgênios e deficiências enzimáticas raras.

– Qualidade e quantidade de óvulos: Segundo a especialista, a redução da quantidade e da qualidade dos óvulos também é uma causa importante de dificuldade de engravidar. Este processo está diretamente relacionado a idade, pois os óvulos, ao contrário dos espermatozóides, não se multiplicam, se esgotam. Hoje, como a gravidez é cada vez mais postergada, este é um problema a se considerar.

– Funcionamento da tuba uterina: Após a ovulação, o óvulo é captado pela tuba uterina. É lá que ocorre a fertilização, ou seja, o encontro do espermatozóide com o óvulo. O embrião é formado e transportado até o útero. Por isso, esta etapa depende do perfeito funcionamento das tubas. Alterações tubárias como a obstrução bilateral ou as aderências e distorções podem prejudicar a fertilidade.

– Condições do útero: É no útero que acontece a implantação do embrião. Os problemas mais comuns que podem afetar esta etapa são a presença de miomas, pólipos, malformações uterinas e aderências (ou sinéquias uterinas).

– Endometriose: Segundo a médica, esta é uma doença cada vez mais relevante, pois sua frequência vem aumentando nas últimas décadas. É caracterizada pela presença de endométrio – o revestimento interno do útero e local onde ocorre a implantação do embrião – fora do útero. Quando não há gravidez, o endométrio descama-se, ocorrendo a menstruação. O problema ocorre quando o endométrio se desenvolve em outros locais. Os dois sintomas principais da endometriose são dor e infertilidade. A dor geralmente ocorre na menstruação e/ou na relação sexual.

As principais causas de infertilidade masculina

A função do sistema reprodutor masculino é produzir e transportar os espermatozóides. Segundo a especialista, alterações deste sistema podem reduzir a quantidade, a movimentação, a forma e a capacidade de fertilização dos espermatozóides. As principais causas encontradas para explicar estes problemas são: varicocele, processos infecciosos, exposição a toxinas, fatores genéticos, alterações hormonais e obstrução dos ductos de transporte. Além disso, boa parte dos homens com alteração no sêmen não tem qualquer motivo identificável que a explique, garante a médica.

A varicocele é a presença de varizes nas veias do escroto. Muitos homens têm algum grau de varicocele, mas quando este grau é importante (veias visíveis no exame clínico), resulta em aumento da temperatura e acúmulo de substâncias tóxicas nesta região, prejudicando a produção de espermatozóides. Outros sintomas são a sensação de peso e dor na região.

Já as infecções levam a um processo inflamatório, que pode prejudicar a produção de espermatozóides. Segundo ela, diversas toxinas podem levar ao comprometimento temporário ou definitivo da produção de espermatozóides. As principais são medicamentos usados em quimioterapia, radiação, calor ou hormônios exógenos. Alterações genéticas também pode explicar a insuficiência testicular, sendo necessário pesquisá-las quando há uma redução considerável no número de espermatozóides. Por fim, a principal causa de obstrução dos ductos transportadores é a vasectomia.

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