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Déficit de atenção e hiperatividade

Psicóloga orienta a perceber os sintomas que podem indicar o transtorno nas crianças

Inquietude, desatenção e problemas no aprendizado são os principais sintomas do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), mas nem toda criança agitada que não vai bem na escola tem o problema. Segundo a psicóloga Ana Paula Magosso Cavaggioni, da Clia Psicologia e Educação, o transtorno neurológico aparece durante a infância e costuma acompanhar a pessoa por toda a vida, no entanto, o diagnóstico é difícil, uma vez que questões emocionais e psíquicas também podem afetar os pequenos. Por isso, a necessidade de uma avaliação multidisciplinar.

– Atualmente temos assistido a um excesso de diagnostico de TDAH, pois esses mesmos sintomas também estão presentes em situações em que a criança vivencia um entrave psíquico ou emocional. Por este motivo, deve ser realizada uma avaliação interdisciplinar envolvendo psicólogos, neuropsicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos e neuropediatras ou psiquiatras, além dos pais e da escola – orienta.

De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM-5), feito pela Associação Americana de Psiquiatria, alguns critérios definem o diagnóstico de uma criança ou adulto com TDAH. A psicóloga explica que é necessário que a pessoa apresente um padrão persistente de desatenção e (ou) hiperatividade-impulsividade que interfira no funcionamento e no desenvolvimento. Dentre os sintomas comuns de desatenção estão a dificuldade de manter o foco em tarefas lúdicas, não prestar atenção a detalhes ou cometer erros por descuidos em atividades escolares, não escutar quando lhe dirigem a palavra e evitar se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado, como o dever de casa.

– É comum que a criança com TDAH não consiga seguir instruções ou não termine os deveres de casa, perca objetos necessários para a execução das atividades, e se distraia muito facilmente por estímulos externos, por exemplo.

A hiperatividade é caracterizada pela agitação constante – não conseguir ficar parado ou sentado por muito tempo, ou ainda, esperar a vez para falar:

– A criança se remexe o tempo todo, ou batuca os pés e se contorce na cadeira. Na escola, se levanta no meio da aula, pois não consegue ficar sentada muito tempo. É incapaz de brincar calmamente, precisa corre e subir nas coisas. Fala demais ou não consegue aguardar a vez para falar, interrompendo as pessoas.

A partir da percepção desses sintomas em casa e na escola, os pais devem procurar ajuda especializada para o diagnóstico correto.

– As crianças com TDAH podem sofrer prejuízos importantes não apenas na aquisição das habilidades acadêmicas, mas também emocionais e no convívio social e familiar – alerta a psicóloga.

De acordo com Ana Paula, o transtorno se classifica em três subtipos: o TDAH misto, no qual os critérios de hiperatividade e desatenção predominam por mais de seis meses; o predominantemente desatento, quando são preenchidos apenas os critérios para desatenção, e não de hiperatividade, pelos últimos seis meses; e o predominantemente hiperativo impulsivo, quando os sintomas mais forte são de hiperatividade e não de desatenção.

– Também falamos em TDAH leve, em que há presença de poucos sintomas, sem prejuízo para a vida da criança; moderado, com maior número de sintomas e prejuízo funcional de leve a moderado; e grave, quando há grande quantidade de sintomas e os prejuízos funcionais são mais importantes – explica.

Assim como o diagnóstico, o tratamento também deve ser multidisciplinar e adequado às necessidades de cada criança.

– Pode ser necessário acompanhamento psicológico, fonoaudiológico e psicopedagógico, dependendo das necessidades, além de eventual tratamento medicamentoso para os casos mais graves, geralmente com psico-estimulantes, que atuam melhorando o funcionamento das áreas cerebrais responsáveis pelo transtorno, ou alguns antidepressivos, especialmente da classe dos tricíclicos -, diz.

Orientações aos pais e abordagem psicoeducativa também são fundamentais. A família pode ajudar tendo paciência, estabelecendo regras e limites dentro de casa, diminuindo a quantidade de estímulos no quarto e mantendo o ambiente organizado e harmonioso.

– A criança não deve ter uma sobrecarga de atividades. Os pais devem auxiliá-las dividir suas tarefas, dar instruções claras e diretas, manter uma rotina regular, com horários definidos. É importante que o filho faça atividade física e seja preparado para qualquer mudança em sua rotina -, orienta.

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