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Trombofilia e gravidez

Condição pode trazer complicações para mãe e bebê       

Trombofilias são alterações (heriditárias ou adquiridas) do sistema de coagulação que levam a um estado pró-trombótico que favoriza a formação de trombos ou coágulos dentro dos vasos sanguíneos, explica o angiologista Marcos Arêas Marques, membro do Conselho Científico da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV). A principal consequência é a Trombose Venosa Profunda (TVP) e sua complicação aguda mais temida, embolia pulmonar (EP). O médico alerta que as trombofilias representam um risco peculiar para as mulheres em idade fértil.

– O risco é maior nessa faixa devido ao uso de anticoncepcionais orais contendo estrógenos e pela possibilidade de gestação, que são situações onde há possibilidade de aumento do desenvolvimento do Tromboembolismo Venoso (TEV).

Durante a gestação, o risco de TEV aumenta de cinco a dez vezes, podendo chegar a 20 vezes no período pós-parto (puerpério), se comparado às mulheres não gestantes de mesma idade. Após esse período, sua incidência diminui rapidamente, apesar do risco residual que persiste por até doze semanas após o parto.

– A trombofilia é um fator de risco importante para o desenvolvimento de Tromboembolismo Venoso em gestantes e pode ser identificado antes da gravidez. Trombofilias hereditárias são identificadas em 20 a 50% dos casos de TEV na gestação. Portanto, toda mulher sabidamente portadora de trombofilia deve ser submetida a farmacoprofilaxia no período gestacional e no puerpério – orienta o angiologista.

Segundo ele, os exames que usualmente são solicitados pelo médico especialista para a investigação laboratorial são os de trombofilias hereditárias ligadas a deficiência dos inibidores fisiológicos da coagulação (proteína C, proteína S e antitrombina) e os de trombofilias adquiridas ligados à síndrome do anticorpo antifosfolípide (anticoagulante lúpico, anticardiolipina IgM e IgG e anti beta 2 glicoproteína I IgM e IgG).

– Além disso, existem diferentes protocolos em que se normatiza que exames devem ser pedidos e em que momento para a investigação laboratorial das trombofilias. Mas de uma forma geral, devem ser solicitados fora do evento agudo e quando o paciente já não está em uso de anticoagulação – afirma.

O médico explica que não existe um tratamento específico para trombofilia, e sim uma profilaxia primária ou secundária para as possíveis manifestações tromboembólicas destas, em situações de risco.

– Esta profilaxia deve ser prescrita de acordo com o(s) tipo(s) de trombofilia(s) diagnosticada(s) e com a situação clínica em que o paciente se encontra.

O fato de uma pessoa ter uma trombofilia diagnosticada, não necessariamente significa que ela irá desenvolver um evento tromboembólico, porém a torna obrigatoriamente passível de profilaxia medicamentosa quando for exposta a situações de risco, como por exemplo, uma cirurgia e uma gestação.

A designer Aline Polycarpo, mãe da Manoela, hoje com 5 anos, sofreu dois abortos antes de procurar especialistas e descobrir que tinha trombofilia. A condição a impedia de manter as gestações.

– Como não me atrapalhava a engravidar, só precisei tomar as injeções anticoagulantes à partir da 10a semana de gravidez. E tive que fazer isso durante toda a gestação e também 40 dias depois do parto. Hoje não uso mais anticoncepcional à base de estrogênio, mas tomei durante nove anos sem saber dos riscos. Os ginecologistas deviam nos informar melhor sobre esse assunto antes de prescrever um anticoncepcional – sugere Aline.

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