Especialista em Reprodução Humana fala sobre a importância de investigar dificuldade para engravidar
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 20% dos casais no mundo precisam de ajuda de um especialista em reprodução humana para gerarem filhos. Essa ajuda começa na investigação sobre a dificuldade de a mulher engravidar, passa pelo tratamento específico de acordo com o diagnóstico e, muitas vezes, termina com o nascimento da criança. Mas como saber quando essa ajuda é necessária?
Segundo Rodolfo Salvato, ginecologista e obstetra especialista em Reprodução Humana, a investigação deve começar quando a gravidez não acontece após doze meses de tentativa.
– Todo casal que mantém relações sexuais frequentes sem usar nenhum método contraceptivo e não consegue obter a gravidez no prazo de um ano é considerado um casal infértil e deve, sim, procurar um especialista – afirma o médico, que integra as equipes do Cegir – Centro de Ginecologia e Reprodução Humana e da Origen – Clínica de Reprodução Assistida.
O especialista lembra que o uso prolongado de anticoncepcionais não deve justificar a demora para engravidar:
– Assim que você para a pílula, seu organismo começa a ciclar novamente, isto é, você volta a fazer ciclos menstruais ovulatórios, diferente de quando você usou pílula, quando tem ciclos menstruais anovulatórios. Esse mito surgiu porque algumas mulheres demoram um pouco para voltar a fazer ciclos ovulatórios e por isso demoram um pouco a engravidar.
A idade também deve ser levada em consideração. Apesar de ser cada vez mais comum mulheres optarem pela maternidade após os 30 ou 40 anos, elas devem ficar mais atentas se a gravidez não acontecer naturalmente em seis meses.
– Depois dos 35 anos, tanto a qualidade do óvulo como a quantidade de óvulos (reserva ovulária) começam a cair com maior intensidade. Por isso é recomendada a procura de um especialista após essa idade, se não conseguir engravidar em seis meses – orienta o médico.
É bom lembrar, no entanto, que as dificuldades não se restringem às mulheres, e que, para o resultado esperado, é importante investigar também o homem.
– Na verdade, hoje estima-se que os fatores femininos contribuem com 60 a 70% das causas de infertilidade conjugal, sendo que os fatores masculinos contribuem com 30 a 40%. Sempre é o casal que é investigado – afirma Rodolfo Salvato.
Em relação aos tratamentos, ainda que não sejam a garantia da maternidade/paternidade, ajudam bastante a realização desse sonho. Para muitas pessoas, o impedimento passa também pela questão financeira, mas os tratamentos têm ficado mais acessíveis com o passar do tempo.
– Hoje em dia existem diversos tratamentos podendo alcançar diversos casos, como também atingir qualquer classe social. Já foi o tempo em que tratamento de infertilidade era só para pessoas ricas. Atualmente, temos o projeto acesso em que a paciente pode se cadastrar pelo site (do laboratório que fabrica os remédios) e, dependendo da renda, ela ganha 50% de desconto tanto na medicação quanto no tratamento. Vai depender de o médico promover o tratamento correto para cada caso. A cada ano a eficácia no sucesso dos tratamentos aumenta. Por exemplo, em 1979, quando foi feita a primeira fertilização artificial, as chances de sucesso eram menores que 10%. Hoje, dependendo da idade da paciente e da qualidade dos embriões, as chances de sucesso podem chegar até 60% – ressalta o especialista.
Se você acha que pode estar dentro desse grupo ou já está fazendo algum tipo de tratamento, saiba que o seu aspecto emocional influencia bastante os resultados.
– A ansiedade pode prejudicar muito. Saiu um estudo, da Human Reproduction (abril/2014), comprovando a influência emocional no tratamento. Foi comprovado que, dependendo do estado emocional da paciente, esse pode influenciar em até 50% na taxa de sucesso do tratamento – alerta Rodolfo Salvato.