Leia o relato completo de Gileade Godoi sobre a primeira viagem de avião de Caio, então com 9 meses
“Viajar com meu filho pela primeira vez aos 9 meses de idade foi uma aventura que não me intimidou. Mas devo confessar que informar-me muito sobre tudo o poderia precisar em uma viajem com bebê foi fundamental para minha tranquilidade. Minha preocupação inicial foi com as papinhas. Levei algumas, mas não podia viajar com um estoque para 10, 12 dias. Então, a primeira coisa que fiz foi uma viagem virtual. Procurei os supermercados próximos ao hotel onde ficaria, entrei no site e comecei a verificar o tipo de papinha que possuíam. Como era uma viagem que começava em Paris, e o francês é uma língua que domino, foi possível analisar detalhadamente a gama enorme de papinhas de diversas marcas que eles possuíam, inclusive orgânicas. Bem diferente daqui, em que somos reféns de uma única marca. E os biscoitinhos de bebês, que não esfarelam e evitam que engasguem? Estava no paraíso! Podia relaxar.
Aproveitei o tour virtual para certificar-me também dos tipos de fraldas que eles tinham, o que foi ótimo, pois vi que possuíam lá a marca que eu usava aqui. Alimentação e higiene, ok. Sabonete líquido dava para levar, então não me preocupei com isso.
Súbito, lembrei-me que teria problemas com os babadores. Não queria passar a viagem lavando babador. Então pensei: alguém já deve ter inventado babadores descartáveis! Uma rápida busca na internet e… voilà! Encomendei. Mais uma questão resolvida.
A parada seguinte era Praga e, claro, eu não falo tcheco! A providência para o último dia em Paris tinha de ser, então, comprar um estoque de papinhas cujos ingredientes eu fosse capaz de identificar. Como é que eu iria saber o que tinha nas papinhas com rótulos tchecos, gente?! Melhor garantir as fraldas também. Foi o que fiz. A pomada anti-assaduras que eu tinha levado daria para a viagem inteira.
Tudo preparado, mas ainda tínhamos de enfrentar o voo. O pediatra estava em dia, bebê super saudável. Não me recordo mais se foi dica do pediatra ou se descobri em minhas pesquisas, mas amamentar (ou dar a chupeta) durante a decolagem e o pouso foi uma dica importante para proteger o ouvidinho do bebê. Ele não reclamou em nenhum momento. Outra providência legal é solicitar um berço à empresa aérea, para a mamãe conseguir descansar ao menos um pouquinho nos voos longos. Só é preciso ficar atento ao tamanho e peso do bebê. O Caio usou pouquinho, mas pude descansar um pouco os braços quando precisei. A viagem toda foi ótima. Quando aterrissamos, recebi elogios de vários passageiros que me disseram que nem parecia haver um bebê ali. Mas devo confessar que o mérito é do meu filhote, que é bem calminho.
Já em Paris, a cada 3 horas tínhamos de parar em algum café para tomarmos algo e… pedir para esquentarem a papinha! Não tive problemas com isso nem em Paris, nem em Praga. Todos eram sempre gentis e atendiam nossa solicitação. Para trocar as fraldas, banheiro de lojas, de restaurantes, de galerias, enfim, qualquer lugar que tivesse um trocador. Também não foi problema. Quando eles são ainda menores, até no colo dá para trocá-los.
Não poderia deixar de mencionar que a aquisição de um carrinho de tamanho reduzido, próprio para viagem, foi fundamental para nosso deslocamento nas duas cidades.
Em nossa segunda viagem familiar, fomos a Viena, Berlim e Amsterdã. Caio já tinha 2 anos e meio, o que complica um pouquinho as coisas, até porque a calmaria de um bebê de 9 meses não é a mesma de uma criança de 2… Ele ficou bem, não causou problemas, mas levar brinquedinhos, tablets, livrinhos são providências importantes para garantir o sossego da viagem. Aproveito para dar uma dica a quem viaja sem criança e perto de uma: não comece uma brincadeirinha se você não tiver paciência, porque uma vez aberta essa porta… será difícil convencer a criança de que você se cansou e não quer mais fazer careta ou coisa que o valha. Tive trabalho em convencer meu filhote de que o moço brincalhão em dado momento queria dormir!
As crianças têm muita energia, por isso, uma hora, ele quis ir para o chão e a brincadeira era correr de uma ponta a outra do corredor do avião! Não havia turbulência, todos estavam tentando descansar, ele não estava esbarrando em ninguém, então deixei que fizesse o sangue circular por alguns minutos.
Além do café da manhã, almoço e jantar tinham de fazer parte das nossas refeições. Bolsa térmica com água fresca, um suco e biscoitos também eram itens sempre presentes na mochila que levávamos para todo lugar.
Visitar os museus já foi um pouco mais difícil. Ele cansava de ficar no carrinho, queria sair. E até que resistia bastante sentadinho. Mas às vezes queria andar. Outras queria colo. E só servia o da mamãe… Mas consegui chamar a atenção dele para vários quadros e, sobretudo, esculturas nos museus. Brincava de imitar as estátuas, e ele curtia, observava. Em alguns museus, nas igrejas, sempre chamava a atenção dele para os tetos, que eram lindos. Ele voltou para casa com mania de olhar os tetos. Volta e meia me chamava e dizia: “mamãe olha o teto”. Uma fofura! Mas é claro que eu tinha de procurar as obras de arte que pudessem chamar a atenção dele e me deter menos nas que não lhe interessavam.
Viajar com criança exige um ritmo mais lento e uma postura generosa, mas saber que nosso filho está conosco, sob nossos olhos e cuidados, curtindo, à sua maneira, a mesma viagem que nós, é maravilhoso.
Comparando as duas viagens, acho que foi bem mais fácil quando ele tinha 9 meses. Embora a dependência fosse maior, nosso controle também o era. E como ele era bem calminho, ficava bem, apenas observando a paisagem. Com 2 anos e meio já são capazes de expressar melhor seus sentimentos, fazer valer suas vontades e, mesmo sem querer, nos obrigam algumas vezes a refazermos planos. Mas também já curtem mais, e, nós também, podemos nos deleitar com os olhinhos e expressões deles, felizes com cada nova descoberta.
Pode parecer que não, mas eles se lembram. Até hoje reconhece o amiguinho que fez, filho de uma amiga que encontramos em Viena. E já me disse em outras ocasiões que queria viajar de novo de avião. E agora, há algumas semanas, deu uma dica: – mamãe, quero viajar pra ver neve e rolar nela! Então tá. Vamos providenciar!”