Em meio à pandemia, é normal ter a preocupação voltada para os riscos da Covid-19. Mas, em se tratando de saúde, é importante não se descuidar de nada. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) destaca, por exemplo, a atenção a pele, unhas e cabelos das crianças, principalmente neste retorno às aulas presenciais.
“É recomendável um cuidado maior com a saúde dos pequenos em creches e escolas, pois são locais com maior risco de contaminação pelo contato prolongado entre as crianças”, diz Silvia Assumpção Soutto Mayora, coordenadora do Departamento de Dermatologia Pediátrica da SBD.
Veja as doenças mais comuns, como são transmitidas e as orientações listadas pela Sociedade Brasileira de Dermatologia
Escabiose
De contágio exclusivo entre humanos, essa doença surge por conta de contato direto com pessoas, roupas e outros objetos contaminados. Aproximadamente quatro dias após o contato com o ácaro (Sarcoptes scabiei variante hominis) na área infectada surgem bolinhas que podem vir acompanhadas de bolhas d’água e coçam muito, principalmente à noite. Em geral, essa doença não afeta apenas crianças. Outros membros da família – mesmo os adultos – também podem ser acometidos. O tratamento consiste no uso medicamentos tópicos que devem ser prescritos por um especialista, que indicará o período e a forma de aplicação. Dependendo da característica do quadro apresentado, também pode ser preciso usar medicamentos sistêmicos. Como a doença é bastante contagiosa, deve ser avaliado o tratamento para todos os contatos próximos a fim de reduzir o risco de complicações, o que reforça a importância do acompanhamento por um médico dermatologista.
Impetigo
Trata-se de uma infecção bacteriana superficial, altamente contagiosa e muito frequente em crianças. As manifestações ocorrem especialmente na face, braços e pernas. Ele se caracteriza pela presença de crostas amareladas ou bolhas nas áreas afetadas. O impetigo também pode atingir o paciente após algum trauma na pele, como arranhões e pequenos cortes, ou picadas de insetos. Para prevenção, os dermatologistas recomendam manter a pele sempre limpa. Também é aconselhável evitar coçar lesões. O tratamento pode exigir o uso de antibióticos.
Micoses
Essa doença é causada pela ação de fungos que atingem a pele, as unhas e o cabelo. A transpiração, o calor e a umidade estão entre os fatores que favorecem o surgimento de micoses, que aparecem com maior frequência em pés, dedos, unhas e virilha. Como forma de prevenção, os médicos dermatologistas recomendam não compartilhar itens de higiene pessoal, secar bem o corpo após o banho e evitar deixar a criança com a pele úmida pelo suor por muito tempo. Também deve-se evitar deixar que as crianças caminhem descalças por áreas públicas, como ginásios, piscinas e
praias. Em caso de infecção, o tratamento exige o uso de medicamentos específicos que devem ser prescritos por especialistas no assunto, que farão a escolha de acordo com as características da manifestação.
Molusco
Essa doença é uma infecção viral contagiosa. Se confunde com pequenas espinhas ou bolinhas cor da pele que são indolores e podem estar isoladas ou agrupadas. O contato direto com outra criança com molusco é a forma de contágio mais comum. Para não deixar que o vírus se espalhe para outras partes do corpo, é importante evitar o ato de coçar e mexer nas lesões. É recomendável levar a criança para avaliação do médico dermatologista, que prescreverá o tratamento adequado, que pode ser realizado por meio de uso de medicamentos ou até mesmo a remoção cirúrgica das lesões. Dependendo do nível de imunidade da criança, é possível que as lesões regridam ou até desapareçam, mas isso não elimina a importância de uma consulta com o especialista.
Pediculose
Conhecida como piolho, a pediculose é uma doença parasitária bastante frequente em crianças de 3 a 11 anos. A transmissão ocorre por contato direto. O principal sinal de contágio é a presença de coceira intensa que pode provocar até ferimentos. Para prevenir, evite o compartilhamento de objetos de uso pessoal, como pentes, roupas, presilhas, bonés e toalhas. Também oriente seus filhos a não irem com o cabelo molhado para a escola, pois a umidade favorece a proliferação dos insetos. E um lembrete: não existe fórmula, remédio ou preventivos. Além dos cuidados citados, o
ideal é não ter contato com crianças infestadas. Assim, caso seus filhos manifestem o problema, avise a escola e siga as recomendações dos médicos para que eles não espalhem a doença.
Pitiríase versicolor
Também conhecida como micose de praia ou “pano branco”, essa doença é causada por fungos do gênero Malassezia. Apresenta-se clinicamente na forma de manchas brancas que descamam, especialmente nas áreas muito oleosas do corpo (pescoço, tronco, rosto) e no couro cabeludo. Os médicos dermatologistas avisam: a família deve ficar atenta aos sintomas dessa manifestação em crianças e adolescentes. Caso surjam, o especialista deve ser procurado o mais rápido possível para fazer o diagnóstico e dar início ao tratamento que pode implicar na administração de medicamentos antifúngicos tópicos ou orais.
Leia também Saúde em casa e na escola, Xô piolho!
Imagem de Marjon Besteman por Pixabay