Otorrinolaringologista orienta como evitar doenças infecciosas que aumentam no inverno
O inverno começa oficialmente no dia 21 de junho, mas a proximidade da estação mais fria do ano é motivo para redobrar o cuidados com a saúde, principalmente de crianças com asma e bronquite. A queda de temperatura pode aumentar o acúmulo de secreções, mas o frio não é, por si só, o causador de doenças. Ambientes pouco arejados facilitam o contágio de gripes e resfriados.
– Não é que todas as doenças se agravem. Na verdade, há uma maior incidência de doenças infecciosas no inverno, tais como as gripes e resfriados pois, devido ao frio, as pessoas tendem a ficar mais tempo em locais fechados, com menos ventilação. Essas aglomerações facilitam o contágio das doenças, principalmente através das gotículas de espirros e tosse dispersas no ar, mas também presentes nas mãos de pessoas doentes. Além disso, se a temperatura for mesmo muito baixa, ocorre um prejuízo da “limpeza natural” das mucosas respiratórias feita por células chamadas ciliadas, o que facilita o acúmulo de secreção e, consequentemente, as infecções. Também há doenças que podem se agravar, como as doenças alérgicas, asma e bronquite. As alergias acabam por piorarem devido também a ambientes fechados, com pouca circulação de ar, que propiciam maior proliferação de ácaros e fungos (mofo). Já a asma e bronquite podem ser desencadeadas pelo frio – explica o otorrinolaringologista Hugo Fraga Barbosa Leite, professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
Um dos primeiros sinais que aparecem é a coriza. Difícil uma criança não ficar com o nariz “escorrendo”. Segundo o médico, isso acontece justamente devido ao mau funcionamento das células ciliadas da mucosa do nariz, que são as responsáveis pela constante limpeza das secreções nasais normais. Mas pode ser também um sinal de alerta.
– Os processos infecciosos das vias respiratórias altas, basicamente nariz e garganta, causam um mau funcionamento das mucosas, tanto prejudicando o trabalho das células ciliadas de limpeza do nariz, como também aumentam a produção de secreção. Então a coriza pode ser um dos sinais iniciais de uma gripe ou resfriado. As crises de alergia também podem causar a coriza, também por inflamação da mucosa. Mas a coriza também pode ocorrer apenas pelo frio intenso. Se uma criança começa a ter coriza é importante ficar atento também a outros sinais e sintomas que possam sugerir uma infecção de vias aéreas superiores. Estado geral da criança, se ela está mais “cansada”, se teve febre, se está se alimentando bem. Na dúvida, é importante levá-la ao seu médico de confiança, preferencialmente em um atendimento ambulatorial ou de consultório, pois nem sempre a melhor opção é ir com a criança para um hospital de emergência, pois muitas vezes a chance de contato com outros germes causadores de diversas doenças, acaba sendo ainda mais prejudicial – orienta Hugo Leite.
Limpar o nariz com soro fisiológico (cloreto de sódio a 0,9%) pode evitar muitos incômodos e é bastante recomendável.
– O soro fisiológico pode ser usado livremente para lavagem das fossas nasais. Ele ajuda a prevenir e a tratar doenças alérgicas e infecciosas das vias aéreas superiores – afirma o otorrinolaringologista, chamando a atenção, no entanto, para o cuidado no uso de medicamentos. – É preciso ter cuidado com alguns nomes comerciais. Sorine, por exemplo, não é soro fisiológico puro. E o Rinossoro é um nome que engloba medicações diferentes. Existe rinossoro que é uma solução de cloreto de sódio a 3% (e não a 0,9%), e essa não pode ser usada livremente. Sorine e uma série de outras medicações possuem em sua composição substâncias vasoconstritoras nasais, que não podem ser usadas por qualquer pessoa, e também não podem ser usadas por períodos prolongados, pois podem ter muitos efeitos colaterais. Essas medicações só devem utilizadas sob orientação e prescrição de um médico – alerta.
Confira as principais recomendações do médico Hugo Fraga Barbosa Leite:
– Evitar lugares fechados com aglomerações de pessoas;
– Abrir sempre as janelas de casa, mesmo com o frio, pelo menos por algumas horas durante o dia;
– Lavar sempre as mãos;
– Evitar levar as mãos sujas à boca e aos olhos;
– Ao tossir ou espirrar, procurar cobrir a boca e o nariz com o braço, e não com as mãos (para evitar disseminar germes ao cumprimentar outra pessoa, abrir uma maçaneta, segurar um corrimão etc).
– Sempre observar o estado geral da criança. Se ela está brincando e alegre, em geral, não há com o que se preocupar. Se ela mudar seu comportamento, deve inspirar cuidados.
– Na dúvida, procure seu médico de confiança.