Família

Desenhos mais do que animados

“Peixonauta” e “O Show da Luna!” são alguns exemplos de sucesso da produtora brasileira TV PinGuim 

Pense em alguns desenhos animados bem conhecidos da criançada. Certamente, “Peixonauta” e “O Show da Luna!” estarão entre eles. E não é por acaso. As séries são um grande sucesso entre o público infantil. O peixinho astronauta estreou no Discovery Kids em 2009, com aventuras relacionadas à ecologia e sustentabilidade. Em apenas uma semana de exibição, já tinha caído nas graças das crianças. A garotinha curiosa e esperta, apaixonada por ciências, apareceu no canal em 2014, e também não demorou a conquistar os pequenos. No DNA dos dois desenhos, as ideias e os traços de Célia Catunda e Kiko Mistrorigo, fundadores da TV PinGuim, pioneira na produção de conteúdo infantil independente no Brasil. Eles também são os “pais” de Gemini 8, que estreou nos canais da Disney, em 2014.

ep15_cena083 – Sempre foi nossa intenção produzir conteúdo, quando a maioria das produtoras prestavam serviço. Sempre quisemos fazer nosso próprio projeto – diz Kiko, lembrando as dificuldade enfrentadas em 1989, quando ele e Célia criaram a TV PinGuim. – Na época, tivemos que ir atrás de Lei do Audiovisual para a TV, de financiamentos para animação. O conceito de produção independente mudou quando entrou a TV a cabo. Foi muito esforço, um sacrifício muito grande, arriscamos demais. Mas o Peixonauta foi um marco porque provou que era possível fazer uma série brasileira.

Todo o esforço valeu a pena. Os desenhos são exibidos em vários países, e já surgiram pensados no mercado exterior. Mas a brasilidade, mesmo que não intencional, está lá.

– A gente não tem preocupação em deixá-los internacionais. E se é algo feito por brasileiro, no Brasil, acaba tendo nosso jeito de ser. Já fizemos desenho com trilha sonora bastante brasileira, com cantigas como “Mulher rendeira” e Peixe vivo”, que brasileiro em qualquer lugar do mundo reconheceria. A trilha sonora e também a demonstração de afetividade chamam a atenção. Alguém uma vez comentou “como eles se abraçam!”. É uma característica nossa. Mas não temos a preocupação de ser ufanista – diz Kiko.

Kiko Mistrorigo/Foto de divulgação
Kiko Mistrorigo/Foto de divulgação

O conteúdo é sempre pensado para ser divertido, mas com algo que possa levar conhecimento ao público.

– Quando se fala em desenho educativo parece que o conteúdo é menos interessante do que o entretenimento. Nossa intenção é contar boas histórias. E elas precisam ter conteúdo interessante. Jamais parar a narrativa para dar uma aulinha. Não é essa a proposta. Criança tem grande capacidade de aquisição de conhecimento, e tudo o que a gente faz tem que ter um bom propósito – explica Kiko.

LUNA_Still_03Um ótimo exemplo é “O Show da Luna”. A protagonista tem apenas 6 anos e faz as suas próprias descobertas por conta do olhar crítico e cheio de porquês, tão próprio da infância. O desenho se tornou líder de audiência na América Latina logo após a estreia. Em outubro, entra no ar a terceira temporada, com Luna passando as férias em um sítio, mais próxima da natureza e dos animais. Com certeza, com muito mais descobertas também.

– Nossa proposta, com a Luna, não é ensinar ciência, mas ensinar um método. O mundo é um laboratório, onde ela faz as hipóteses. Não precisa ir até o Google ou ter alguém ensinando. A chave do conhecimento é a imaginação, a intuição. A ciência gera perguntas, que gera mais perguntas – diz Kiko.

Célia Catunda/ Foto de divulgação
Célia Catunda/ Foto de divulgação
Peixonauta - O Filme / Divulgação
Peixonauta – O Filme / Divulgação

E as novidades não se restringem a episódios inéditos. No dia 30 deste mês, estreia a peça “Peixonauta no Teatro – O indiozinho”, com apresentações em São Paulo (30/7), Recife (6/8), Fortaleza (13/8), Belo Horizonte (20/8), Curitiba (3/9), Rio de Janeiro (10/9) e Londrina (18/9). O peixinho também estará na telona, em janeiro de 2017, em “Peixonauta – O filme”, em 3D, tendo que resolver, pela primeira vez, um mistério na cidade grande.

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