Distúrbio é mais comum em crianças abaixo de cinco anos
A epilepsia, um distúrbio comum à várias doenças que se caracteriza por crises rápidas e repetidas, pode se manifestar em qualquer idade, mas é mais comum em crianças abaixo de cinco anos, por conta de infecções e complicações do parto, e em idosos acima de 60 anos, por conta de acidentes vasculares cerebrais, explica o neurocirurgião Francinaldo Gomes. Em adolescentes e adultos jovens uma causa comum é o traumatismo cranioencefálico.
A crise epiléptica caracteriza-se por perda súbita da consciência, movimentos involuntários dos membros, excesso de saliva, respiração ruidosa e desvio dos olhos usualmente para cima. Durante a crise o paciente não responde aos chamados e pode morder a língua, explica o médico.
– A crise dura entre 3 e 5 minutos e costuma cessar espontaneamente. Em alguns casos ela pode durar mais tempo, sendo necessário atendimento em serviços de urgência e emergência. Após a crise o paciente recupera a consciência e não lembra do ocorrido – diz o médico, orientando que durante a crise, quem estiver por perto deve manter a calma, apoiar a cabeça da pessoa para evitar traumas e virar o rosto de lado para eliminar o acúmulo de saliva.
Segundo ele, o diagnóstico da epilepsia é feito a partir dos sintomas e sinais apresentados. É indispensável haver recorrência espontânea das crises com intervalo de no mínimo 24 horas entre elas: um episódio único não é indicativo da síndrome.
– Não há exames disponíveis para diagnosticar epilepsia em recém-nascidos a não ser que as crianças apresentem sintomas. Os exames servem como complemento. Neste caso faz-se um eletroencefalograma – orienta.
De acordo com o neurocirurgião, existem algumas situações que facilitam o aparecimento de epilepsia em recém-nascidos tais como hemorragias, falta de oxigênio e infecções.
– Nestas crianças deve-se ficar atento ao aparecimento dos sintomas e fazer o eletroencefalograma o mais precocemente possível – recomenda.
O tratamento é feito com medicamento, as chamadas drogas antiepilépticas, que deve ser tomado continuamente e prescrito por um médico. Em alguns pacientes pode ser necessário mais de um medicamento para obter controle das crises.
– Em cerca de 30% dos pacientes os medicamentos não funcionam e faz-se necessária uma avaliação especializada para a possibilidade de cirurgia, que é indicada também para crianças. Algumas, com Doença de Rasmussen (inflamação no cérebro), displasias (alterações no desenvolvimento neuronal) e mesmo alguns tumores necessitam de tratamento cirúrgico para obter o controle da epilepsia.
Segundo o médico, algumas epilepsias que costumam surgir na infância, desaparecem na idade adulta, tal como a epilepsia mioclônica juvenil e a epilepsia rolândica benigna.
– Existem outros tipos de epilepsias que têm alta chance de serem curadas pela cirurgia, como a Esclerose Mesial Temporal e alguns tumores cerebrais.