A famosa “gotinha” contra a poliomielite está com dias contados no país. A vacina oral será substituída por uma única dose injetável em todo o Brasil a partir do dia 4 de novembro. A mudança anunciada pelo Ministério da Saúde segue recomendações científicas recentes, já adotadas em outros países. Além de diminuir uma dose de reforço, o uso exclusivo da vacina injetável elimina o pequeno, mas existente, risco de mutação das cepas atenuadas, presentes na vacina oral, explica o infectologista Paulo Antônio Friggi de Carvalho, do Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (CEJAM).
– A vacina oral contém cepas de vírus vivos atenuados, enquanto a injetável utiliza vírus inativados. Apesar disso, ambas oferecem o mesmo nível de proteção – afirma o médico.
Segundo o especialista, a mudança pode favorecer o aumento da cobertura vacinal contra a poliomielite no país, que em 2023 foi de 84,63%. A meta anual é vacinar, no mínimo, 95% do público-alvo, que abrange cerca de 13 milhões de crianças menores de cinco anos, segundo o Ministério da Saúde. O esquema de vacinação contra a poliomielite com as “gotinhas” funciona com três doses, aplicadas aos 2, 4 e 6 meses de vida, feitas com a vacina injetável, e os reforços ocorrem com a vacina oral, aos 15 meses e aos 4 anos. Com a nova diretriz, o esquema será simplificado: as três doses injetáveis permanecem, mas o reforço será dado apenas aos 15 meses, também com a vacina injetável, eliminando a dose aos 4 anos.
– Acredita-se que um ciclo com menos aplicações e um intervalo de tempo menor para sua plenitude pode ajudar na redução dos índices desfavoráveis da taxa vacinal – avalia Paulo Carvalho, ressaltando a importância da vacinação – Mesmo com essa mudança, vacinar é fundamental para garantir uma proteção eficaz, com até 99% de imunidade após o ciclo completo. Além disso, a vacinação evita a circulação do vírus, reduzindo o risco de mutações e novas infecções em pessoas que possam ser vulneráveis – afirma.
Como a partir de 4 de novembro não haverá mais a vacina oral, as carteirinhas de vacinação das crianças serão atualizadas com o reforço injetável.
– Crianças que tenham tomado as três doses injetáveis e a dose oral com 15 meses, devem receber o reforço injetável a qualquer momento, respeitando um intervalo mínimo de 30 dias após a aplicação oral. Não é necessário aguardar completar 4 anos de vida para receber o reforço – explica o infectologista.
Foto em destaque: Divulgação/CEJAM