Música, diversão, questionamento. O educador e compositor Renan Inquérito vem apostando na potência do rap para levar arte e reflexão ao público infantil. No álbum ABRAKBÇA, ele vive o personagem MC Mágico, conectando a atitude do hip-hop e a criatividade das crianças. A trajetória musical está intrinsecamente ligada à carreira dedicada à educação.
– Sou professor de geografia, sempre cantei pras crianças na sala de aula, fazia músicas para explicar “conteúdos cabeludos” como relevo ou fuso horário, na tentativa de acessar os alunos de forma diferente, por isso gravar um disco “pras crianças” foi algo natural pra mim, pude unir duas paixões, a música e a educação. Quando o olhinho delas brilha no show o coração se enche e dá aquela sensação de missão cumprida – diz Inquérito.
Não é de hoje que Renan Inquérito utiliza a música e a literatura como ferramentas de transformação e interferência social. São 25 anos de magistério e atuação na cultura hip-hop, saraus e festivais literários. Mas foi em 2023 que ABRAKBÇA ganhou forma, reunindo dez faixas com rimas, batidas, samples, instrumentos eletrônicos, acústicos e até de brinquedo.
– O rap e as crianças possuem diversos pontos semelhantes, como por exemplo o questionamento, a criatividade e a inventividade. A criança transforma um objeto qualquer num brinquedo, um copo plástico vira avião, um controle remoto vira carrinho, o rap também faz isso, só que com as palavras, com as rimas. As crianças têm atitude, personalidade, o rap também. Minha ideia foi aliar essa força do rap, do hip-hop com a doçura das crianças, daí nasceu ABRAKBÇA – explica.
Uma das faixas conta com a participação da cantora Maria Rita, marcando o encontro entre o samba e o rap para contar a história de amor entre um celular e uma tomada. A música acaba de ganhar uma animação, que mostra a “amada tomada” tirando o personagem da solidão das telas e levando-o para um passeio pelas coisas simples da vida, como tomar sorvete, empinar pipa e olhar o céu, carregando sua bateria para resgatar a energia das sensações perdidas em tempos de telas e aplicativos.
O show ABRAKBÇA já passou por teatros, parques, escolas e festivais literários, e a repercussão tem sido bastante positiva.
– Brinco que o público é “infanto-senil”, porque além das crianças vão os pais, tios e avós, a família toda participa. Às vezes temos até três gerações diferentes na plateia, isso é muito legal. Um dia um cara me disse que o ABRAKBÇA é como se o Racionais e o Castelo Ra Tim Bum tivessem tido um filho. Eu amei essa definição porque os dois fizeram parte da minha infância, sou fruto disso, esse projeto também – avalia Inquérito.
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