Saúde

Acne na adolescência

Em meio a alterações hormonais surgem as temidas espinhas       

A adolescência chega e com ela as famosas alterações hormonais que vão transformando os pequenos em gente grande. Nesta fase, explica Kerstin Taniguchi Abagge, presidente do Departamento de Dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a maior produção de androgênios (hormônios produzidos em maior quantidade por homens, mas também pelas mulheres) vai aumentar a produção de sebo (gordura) e, por consequência, surgem as temidas espinhas.

– É por causa da produção de androgênios que a pele e os cabelos ficam mais oleosos, o cheiro do suor muda, e os poros são fechados por um aumento da queratinização. Mas há outras causas hormonais para acne como a síndrome do ovário policístico nas meninas, ou o uso de suplementos contendo hormônios – explica.

A médica lembra ainda que o uso de produtos que provocam uma obstrução maior dos poros como maquiagens, cosméticos para os cabelos, ou mesmo medicamentos, como os corticoides e anticonvulsivantes, também podem causar acne.

As regiões mais afetadas, em geral, são a região centro-facial (conhecida como “zona T”), o colo e a região superior das costas, por serem as áreas mais ricas em glândulas sebáceas.

– Geralmente o que dita a gravidade da acne é o histórico familiar. Se os pais ou irmãos tiveram muitas espinhas ou tem marcas na pele, a probabilidade de ter acne mais grave é maior – orienta.

De acordo com a dermatologista Silvia Zimbres, a alimentação saudável beneficia, claro, a aparência e a saúde da pele. Mas sua influência no surgimento da acne é bem pequena.

– Se existe tendência acneica, provavelmente a pele será afetada por esse fator externo. Portanto, quem tem tendência para acne deve evitar alimentação muito gordurosa, que piora a oleosidade da pele.

A relação do consumo do chocolate com o aparecimento das espinhas foi tida como mito por muito tempo. Mas a crença, que apontava a guloseima como um dos principais vilões para a pele, tem fundamento científico, explica a dermatologista.

– Os alimentos altamente calóricos e com alto teor de gordura, principalmente os ricos em glicose, como o chocolate, favorecem as infecções. Quando o organismo se depara com picos de açúcar, ele rapidamente coloca a insulina (hormônio que controla a taxa de glicose) em ação para controlar as alterações, e quando há desregulação hormonal aparece a acne. Mas não é o alimento, isoladamente, que dá espinha. Para ela aparecer é necessário haver uma relação negativa entre o organismo e a comida.

O estresse também pode agravar a acne, afirma Silvia Zimbres, pois aumenta a produção de neuropeptídios na pele que regulam a oleosidade.

– O hormônio de liberação da corticotropina, um mediador secretado pelo hipotálamo e acionado especialmente em situações de estresse, é biologicamente ativo nas células sebáceas e induz um aumento na síntese dos lipídios sebáceos. Esta é uma etapa preliminar na formação da lesão básica da acne, o cravo – explica.

Atualmente existem várias opções de medicamentos locais ou mesmo orais para o tratamento da acne. O mais importante é buscar orientação médica precocemente (antes que as marcas sejam permanentes) para que o médico possa orientar qual o melhor tratamento. As espinhas que surgem esporadicamente em regiões localizadas do corpo poderão ser tratadas mais facilmente com os produtos de uso tópico, sem necessidade de tomar medicação.

– Um dos mais indicados é o peróxido de benzoila, aplicado no local duas vezes ao dia, em loção ou gel de 2,5% a 5%, aumentando depois da quinta semana, se não obtiver resultados, para uma concentração de 10%. Também são usados o ácido salicílico e os retinoides em baixas concentrações, tendo sempre o cuidado de passar o produto à noite e fazer uso de protetor solar durante o dia (evite protetores oleosos) – orienta a dermatologista.

Acnes moderadas atingem uma área maior do rosto ou outra região, sendo necessário nestes casos o uso de uma terapia tópica com adição de um antibiótico de uso oral, que deve ser adaptado a cada paciente.

Já os casos graves, em que a região atingida é maior e há processo inflamatório com pústulas e cistos profundos que podem evoluir para cicatrizes, requerem acompanhamento minucioso por um médico dermatologista.

– Certamente o paciente terá que fazer uso de retinoides orais, combinados com alguma das terapias já citadas. Este tratamento é usado em muitos casos, podendo acabar com a acne em 5 meses.

A médica lembra que a manutenção de uma pele bem higienizada é indispensável à prevenção e ao controle da acne, causada principalmente por micro-organismos chamados Propioniobacteium acnes. No entanto, é necessária uma avaliação de cada caso a fim de verificar se há a necessidade de intervenção médica e medicamentosa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *