A importância da Educação Ambiental nas escolas
O Dia Mundial da Água (22 de março) ajuda a promover reflexões sobre os caminhos que temos para preservar a fonte de vida do nosso planeta, assim como sobre outras questões ambientais (lixo, desmatamentos, extinção de animais etc). Ainda há muito a ser feito, sem dúvidas, mas a preocupação com o meio ambiente vem ganhando cada vez mais atenção e respeito da sociedade. E isso muito se deve às novas gerações, que já são educadas nesse sentido. A Educação Ambiental está presente em muitas escolas.
– Entendo que as novas gerações estão muito mais informadas. Percebem a situação do planeta. Os ensinamentos recebidos na escola são divulgados em casa, com os parentes e amigos. Todos os significados de vida e suas possibilidades de mudança são repassados com gosto e zelo – avalia José Henrique Brum, professor de Educação Ambiental do Colégio Cruzeiro, no Rio de Janeiro.
Há 14 anos na instituição, JH, como é chamado pelos alunos, desenvolve várias atividades com crianças da educação infantil e ensino fundamental. Os temas são diversos.
– Abordamos diversos conteúdos, como “Os grandes Ecossistemas do Mundo”, “Poluição do ar, das águas, do solo, visual e sonora”, “Lixo limpo, lixo sujo e descarte correto”, “A saúde dos Ecossistemas”, “Impacto ambiental positivo e negativo”, “Energia limpa e energia suja”, “O ciclo Urbano das Águas”, além de questões ambientais em nossa escola, como lixo, área verde, área cimentada, qualidade da água, qualidade do ar, ventilação e iluminação. Também realizamos atividades na horta da escola, onde os alunos passam a conhecer todo o processo do cultivo de hortaliças. Colhemos o que foi plantado e fazemos o processamento dos alimentos na cozinha experimental, que fica no Espaço de Educação Ambiental- explica.
Como outros educadores que se dedicam à questão ambiental, o professor vai plantando as sementinhas para um futuro melhor.
– Sempre fui fascinado pela natureza. Desde criança, ficava indignado com a relação do homem com a natureza, que demonstrava total despreparo ao lidar com questões tão sérias sobre o meio ambiente. No momento de escolher minha carreira, já tinha a certeza da minha missão de fazer parte de um grupo que deseja ardentemente formar comunidades de vida, influenciar pessoas para serem multiplicadoras de ideias ecologicamente corretas – conta.
No Colégio Cruzeiro, uma das questões que mais chamam a atenção das crianças, segundo o professor, é a utilização de copos descartáveis.
– Há alguns anos, o colégio vem trabalhando isso em todas as turmas, fazendo campanhas de conscientização, por exemplo, e os alunos têm abraçado essa proposta. Hoje, temos uma redução significativa na utilização desse material, com os estudantes trazendo de casa garrafinhas para consumo. Entendemos a importância de mudarmos um hábito que não exige tanto sacrifício e traz benefícios para toda a comunidade escolar e para o meio ambiente – diz José Henrique.
Organização global de proteção ao meio ambiente, o Greenpeace desenvolve o Projeto Escola, com ações de voluntários em instituições de ensino de São Paulo e Porto Alegre.
– A importância do Projeto Escola é conscientizar o aluno em sala de aula sobre preservação ambiental. Se os voluntários do Greenpeace defendem um país mais verde e sustentável, garantindo assim o futuro das novas gerações, nada mais importante do que convocá-los a serem, também, protagonistas destas mudanças. Afinal, o futuro pertence a eles, não? Então precisamos que esta juventude tenha os mesmos ideais e objetivos para sermos mais fortes e vitoriosos nesta resistência. Em Porto Alegre e região metropolitana, onde atuo no Projeto Escola há seis anos, nossa abordagem é feita de acordo com a faixa etária dos alunos. Para as turmas dos anos iniciais do fundamental, são realizados bate-papos sobre meio ambiente e exibição de vídeos de animação sobre o tema e brincadeiras lúdico-pedagógicas. Para alunos dos anos finais do ensino fundamental e ensino médio. realizamos palestras que abordam vários temas, como os desafios das mudanças climáticas, consumo responsável, sustentabilidade, obsolescência programada e as ações e campanhas do Greenpeace no Brasil e no mundo. A avaliação deste trabalho é muito positiva e gratificante. O retorno da comunidade escolar se reflete no número de agendamentos de palestras solicitadas ao Projeto Escola e a repercussão desta conscientização junto ao nosso povo – diz Valdeci Souza, voluntário do Greenpeace.
Para ele, as crianças demonstram muito interesse pelas questões ambientais, mas ainda existe um grande apelo do consumo.
– Tenho notado nas palestras que os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental (entre 7 e 12 anos) possuem uma melhor conscientização ambiental e estão mais conectados com esta problemática da degradação do planeta e são mais tocados, emocionalmente, com os maus tratos aos animais. Os alunos já na adolescência tendem a ser mais consumistas. A educação ambiental é um processo a longo prazo e precisamos fazer este trabalho com muito afinco e responsabilidade para ampliarmos esta consciência e, assim, mudarmos este paradigma do consumo pelo consumo. Sou uma pessoa otimista e, por esta razão, faço este trabalho de formiguinha. É preciso dar voz e espaço na grande mídia, nos meios de produção, nos meios educacionais e em toda a sociedade para que a problemática da degradação do planeta possa ser discutida e assim encontremos soluções sustentáveis para enfrentarmos os graves problemas que nos esperam num futuro bem próximo – avalia Valdeci.
O percurso pode ser longo, mas parece que estamos no caminho certo. “Hoje as escolas dão mais espaço para as questões ambientais do que davam há vinte anos. Vemos crianças fazendo trabalhos com materiais recicláveis, algumas matérias que se preocupam em falar de questões como consumismo, desmatamento, consumo de água, de energia etc. Além disso, há professores também que fazem um excelente trabalho buscando conscientizar os alunos. Ainda assim, acreditamos que a escola pode contribuir ainda mais para promover reflexões sobre meio ambiente e formar crianças que entendam melhor a importância de viver de forma harmoniosa com os recursos naturais, em vez de explorá-los além do que podem ser repostos”, informou o Greenpeace por meio da assessoria de imprensa.