Psicopedagogas falam sobre a importância de estimular a autonomia das crianças
As psicopedagogas Cinthia Peixoto e Danielle Goldsztajn participaram, recentemente, de um ciclo de debates promovido pelo Colégio Cruzeiro – Jacarepaguá, sobre o tema “Me larga! – Separe-se para crescer”. Na palestra, as profissionais destacaram a importância da autonomia das crianças e de que forma as famílias ajudam ou atrapalham nesse processo. A convite do Quem Coruja, Cinthia e Danielle responderam às perguntas relacionadas ao assunto. Veja como nós, pais, avós e responsáveis de forma geral, podemos contribuir para o desenvolvimento dos nossos pequenos.
Quem Coruja – Qual a medida certa de autonomia que as crianças devem ter? Esse “grau” de autonomia está relacionado à faixa etária?
O grau de autonomia depende não só da idade, mas, principalmente, das possibilidades do estágio de pensamento em que a criança se encontra. Ou seja, não adianta dizer a uma criança para que ela seja autônoma sem levar em conta suas capacidades. A construção da autonomia é um trabalho que precisa respeitar o tempo de desenvolvimento de cada um.
Quem Coruja – De que maneira a superproteção dos pais é prejudicial para o desenvolvimento?
É importante que ofereçamos aos filhos a segurança e a confiança necessárias que eles precisam nos primeiros meses de vida, pois estas serão fundamentais na construção da autonomia. Porém, a proteção em excesso fragiliza e impede que a criança desenvolva recursos internos próprios para lidar com as frustrações e adversidades da vida. O ser humano precisa sempre de desafios para superar e atingir estágios mais complexos. Sendo assim, muitas vezes, ao proteger em demasia, acabamos por desprotegê-los.
Quem Coruja – Vocês podem citar alguns exemplos mais comuns de situações que impedem as crianças de serem mais independentes?
Temos desde situações mais básicas até as mais complexas. Fazer ações pelos filhos quando eles já são capazes de fazer sozinhos, mesmo que ainda não façam como desejamos, é não possibilitar autonomia: escolher roupas e calçados por eles, vesti-los, não permitir que eles tomem banho e escovem os dentes sozinhos, arrumar a mochila da escola, guardar os brinquedos que eles utilizaram nas brincadeiras, entre muitas outras. É preciso primeiramente ensinar à criança para que ela aprenda, respeitando seu ritmo e seu tempo de aprendizagem, e possa executar qualquer ação que incentive o desenvolvimento de sua autonomia. Não podemos nos esquecer que a autonomia também pode ser medida pelo grau de independência dos adultos que a criança adquire.
Quem Coruja – Que comportamentos e atitudes devem ser estimulados para ajudar no processo de autonomia das crianças?
Estimular a autoestima da criança, para que ela se sinta mais confiante e capaz de se relacionar e resolver suas próprias questões. Quando a criança resolver certas situações ou tomar decisões próprias, deverá ser elogiada. Respeitá-la como um sujeito que tem vontades e desejos (dentro das regras e possibilidades da sua família), escutá- la e abrir espaço para diálogo. Isso ajuda na capacidade de fazer boas escolhas e incentiva a autonomia.
Quem Coruja – Como a escola pode ajudar no processo de autonomia dos alunos? Esse papel, de um modo geral, tem sido realizado com sucesso?
Entendemos que a construção da autonomia começa desde muito cedo. Já na Educação Infantil o ambiente pode ser propício a desafios. Para termos adolescentes e jovens éticos que respeitem as regras e não ultrapassem os limites necessários a um bom relacionamento com a família, com seus pares e professores, é preciso que a escola e as famílias sejam parceiras na educação e propiciem oportunidades para reflexão: É indispensável ensinar a criança a pensar. Uma boa escola faz este papel.