Amamentação também traz benefícios para a saúde das mamães
Que o leite materno é importante para o desenvolvimento da criança não restam dúvidas, mas sabia que a amamentação traz vários benefícios para as mamães também? Isso não quer dizer, de maneira alguma, que amamentar seja algo fácil. Para muitas mulheres, é um momento cansativo e, às vezes, até de sofrimento físico, por conta de dores nas mamas. Mas, acredite, amamentar faz bem à saúde da mulher.
– Amamentação pode ser difícil, sim. Pode ter dor nos seios, se a pega estiver incorreta e se tiver algum tipo de infecção. Também deixa cansada, sim, porque o bebê mama por livre demanda e isso significa oferecer a hora que o bebê quiser. Os benefícios para o bebê são inegáveis, mas e para a mulher? Fica fácil entender os benefícios quando, logo após o nascimento do bebê, o útero, que está do tamanho de uma melancia, precisa voltar ao tamanho de uma pera. Para isso, o organismo da mulher precisa de ocitocina. Esse hormônio é responsável pela ejeção do leite e também pela contração uterina. Por isso, a amamentação proporciona o retorno do útero ao tamanho normal, além de reduzir o risco de hemorragia pós parto, que é a complicação mais comum nesse período – explica Graziela Abdala, coordenadora de enfermagem da Maternidade Perinatal e especialista em amamentação.
Além das questões físicas, principalmente ao que se refere à contração do útero, a amamentação ajuda o lado emocional e até econômico da família.
– A mulher, por mais que desenvolva algum tipo de sentimento pelo feto durante a gestação, quando o bebê nasce, um misto de emoções e sensações pode surpreendê-la e a sua família também. Nesse caso, a amamentação ajuda na aproximação entre a mãe e o bebê, contribuindo para a prevenção da depressão pós-parto. E um outro fator importante, não somente pela mulher mas para toda a família, é que o leite materno é de graça e não dá trabalho para preparar. Então, contribui para a saúde financeira da família e diminui o cansaço em relação ao preparo de fórmulas – diz Graziela.
Mamilos invertidos e amamentação
Mas e quando os mamilos são invertidos? Como oferecer e usufruir de tantos benefícios se existe a dificuldade para amamentar? Em primeiro lugar, é importante esclarecer que pode ser difícil, mas é possível.
– Cada bebê é capaz de se adaptar ao tipo de mamilo que cada mulher tem. A grande questão é se esse processo vai ser rápido ou não. Em alguns casos, a mulher vai para casa de alta da maternidade e a amamentação ainda não estará estabelecida. Vai precisar de muito treino e paciência. E ainda, em alguns casos, de ajuda profissional. Costumo dizer que, para que um processo seja estabelecido com o bebê, são necessários 10 dias, que equivale aproximadamente a cem mamadas. É possível afirmar que a maioria das pacientes vai para casa de alta da maternidade em aproximadamente dois dias e meio. Nesse tempo, a amamentação ainda não está estabelecida (o leite não desceu, a mulher ainda está se adaptando), então, independentemente de tipo de mamilo, tem que se ter muita paciência! A dificuldade com o mamilo invertido acontece porque, para que o bebê entenda que ele precisa mamar, precisa existir o toque do mamilo no palato (céu da boca). Como no mamilo invertido ele está voltado para o corpo da mãe, isso fica um pouco mais difícil. Então como fazer? Encaixar da maneira correta e fazer com que parte da aréola toque no palato – ensina Graziela, ressaltando que o mais importante, seja qual for o tipo de mamilo, é treinar, ter paciência e, se necessário, procurar ajuda.
O que fazer quando a mama fica machucada?
Quando se diz que amamentar pode ser algo doloroso, não é exagero. Rachaduras e machucados nos seios são mais comuns do que se imagina. A pega correta do bebê (maneira como ele encaixa o boquinha na mama durante a sucção) evita esse tipo de problema. Mas e quando a mama fica machucada? Há pomadas específicas que devem ser receitadas pelo obstetra, e existe também, adivinhe, o próprio leite materno. Sim, além de rico em em nutriente para o bebê, o leite materno tem efeito cicatrizante.
– Para rachaduras ou eventuais machucados, o que tem de mais importante é identificar a causa. A primeira coisa que se pensa quando se observa uma lesão é no tratamento. Mas entendendo que tratando a causa, a lesão fecha. A principal causa das lesões na mama é a pega incorreta do bebê. Portanto corrigi-la é essencial. Depois da correção, faz-se necessário pensar no tratamento, pois sem tratar, a lesão causa dor e ela causa pode contribuir para a diminuição da produção de leite. Para tratar a lesão, o mais indicado é a aplicação do próprio leite, pois ele tem efeito cicatrizante. Existem outros tipos de tratamento como o uso de pomadas, mas tem que se ter cuidado com a quantidade pois pode causar obstrução de ductos, e a aplicação do laser, que acelera o processo de cicatrização – explica a enfermeira.
Foto em destaque: Divulgação/Perinatal