Esqueça o “leite fraco”. Pediatra ressalta a importância do aleitamento materno
Apesar de ser natural e trazer vários benefícios para o bebê, a amamentação nem sempre é uma fase agradável para as mães. Dores, desconforto e dúvidas atrapalham e podem até comprometer o aleitamento materno. Quanto mais cedo houver orientações e esclarecimentos, melhor. Afinal, a recomendação é que o bebê seja amamentado na primeira hora de vida.
– Amamentar os bebês na primeira hora de vida passa anticorpos e nutrientes pelo leite materno e também pelo contato com a pele da mãe, que também é beneficiada, pois a sucção do leite materno está associada à diminuição do risco de sangramento uterino. Por isso, em nossa maternidade estimulamos a amamentação no primeiro contato – diz o pediatra Gustavo Ferreira Pinheiro, coordenador da UTI Neonatal do Hospital Oeste D’O.
Mas nem sempre este primeiro contato é fácil. O bebê pode demorar a fazer a pega correta do seio e a mãe ficar tensa e sentir dores. É importante que, havendo qualquer dificuldade para amamentar, as mulheres procurem ajuda dentro da própria maternidade ou com seus médicos. O tipo de bico do seio também pode atrapalhar a amamentação. Alguns são planos e outros, voltados para dentro. Na maioria dos casos, no entanto, há como estimular a formação do bico para que o bebê consiga mamar.
Um dúvida frequente entre muitas mulheres é em relação à qualidade do leite. O líquido muito ralo ou a sensação de que a criança não está satisfeita costumam gerar ansiedade, e é comum incluir complementos na dieta dos nenéns. Mais do que desnecessária, essa prática pode prejudicar a saúde das crianças.
– Não existe leite fraco. Algumas pessoas acham que o colostro (o leite inicial), por ter uma coloração mais clara que o leite maduro, seria um “leite fraco”. Muito pelo contrário, ele é um leite rico em proteínas, anticorpos, células de defesa prontas para agir e substâncias que irão estimular a imunidade do recém-nascido. É fundamental que a criança receba o colostro para essa proteção inicial. O leite maduro vem por volta terceiro ao quinto dia de vida. Inicie a amamentação na primeira hora de vida e quanto mais o recém-nascido sugar, mais leite será produzido. Outro ponto importante é que o leite irá modificar-se de acordo com a idade do bebê, sendo a garantia dos nutrientes necessários em cada etapa da vida. Já se pesquisou a diferença da composição do leite materno em mulheres desnutridas e se sabe que isso pouco influencia na composição do leite – afirma Gustavo Pinheiro.
Há casos, é claro, de mulheres que não conseguem amamentar por falta de leite. Ainda assim, isso só será comprovado após as tentativas de amamentação.
– Existem mães que produzem pouco leite, o que chamamos de hipogalactia, mas isso, felizmente, não é comum. Mais uma vez, a importância de se estimular o mais precocemente possível a amamentação e pedir ajuda às profissionais que prestam assistência à mãe e à criança assim que se notar alguma dificuldade. É bom aproveitar a internação para tirar dúvidas e pedir dicas para ajudar a amamentação em casa. Existem causas físicas e emocionais que influenciam na produção de leite. Algumas dificultam, mas não impossibilitam. Portanto, insistir é a palavra – explica o pediatra, lembrado que, em alguns casos, podem ser usados medicamentos para ajudar na produção do leite ou para ejetá-lo.
A amamentação não pode ser angustiante. Pelo contrário, quanto mais afetivo for o momento, melhor para mamães e bebês.
– É extremamente importante manter a ansiedade longe, se posicionar de forma confortável antes de iniciar a amamentação, usar um travesseiro para apoiar o peso da criança descansando os braços da mãe, ter uma garrafa de água ao lado o tempo todo para a mãe se manter hidratada e a ajuda do pai/acompanhante para ir descansar logo que o bebê permitir. Dessa forma, a mãe irá se cansar menos e produzir mais leite – orienta o pediatra.
A Organização Mundial da Saúdes (OMS) recomenda a amamentação exclusiva até os seis meses de idade e manter amamentação até pelo menos os 2 anos.
– Até seis meses, não é preciso dar nada além do peito. Se o bebê tiver fome, dê o peito. Se tiver sede, dê o peito. Depois dos seis meses de idade, inicia-se gradualmente a introdução de alimentos na dieta da criança. Por volta de um ano, já deve estar comendo o cardápio da família. Não há restrição para a amamentação após os 2 anos de idade, o peito pode ser oferecido e retirado gradualmente – explica o médico.
Veja abaixo as orientações para amamentação
Tipos de mamilos:
Normal ou Protuso – A maioria das mulheres têm mamilo normal. O bico é proeminente e fica rígido quando é estimulado. Quando o bico é muito largo, o bebê pode fazer a pega incorreta abocanhando, apenas, o mamilo, podendo causar fissuras. Caso isso aconteça, é necessário trocar a posição da amamentação para que a maneira correta seja encontrada e para que o bebê não tenha contato com a fissura.
Plano – O mamilo plano não é nem “para fora” e nem “para dentro”. Para esse tipo de bico as conchas preparatórias desde a gestação, além de exercícios e bombinhas de sucção, são indicados. Fazer com que o bebê abocanhe o máximo de aréola possível também é importante.
Invertido ou Pseudoinvertido – É voltado para dentro. O bico pode ser “extraído” aos poucos com as mesmas técnicas usadas no caso dos planos. É o que gera mais obstáculos para amamentar, já que o leite não sai com facilidade. O pseudoinvertido tem a mesma aparência, mas ao ser estimulado, fica proeminente e, assim, o bebê mama sem problemas.
Conforto
Procure uma posição confortável para as costas. O uso de almofadas de amamentação ajudam no descanso dos braços. Descanse nos intervalos das mamadas.
Hidratação
Beber água ajuda na produção do leite e é importante para manter a mamãe bem hidratada.
Leia mais: O que é mastite lactacional