Doença altamente transmissível pode atingir crianças, adolescentes e adultos
A catapora (conhecida por varicela entre os médicos) é causada por infecção pelo vírus varicela-zóster (o responsável também pelo herpes zoster). Segundo o pediatra Marco Aurélio Palazzi Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por ser uma doença altamente transmissível, estima-se que as chances de crianças, adolescentes e adultos (que não tiveram a doença e nunca foram vacinados) contraírem catapora ao entrar em contato próximo com uma pessoa com a doença são de cerca de 90%.
– O vírus transmite-se através de contato com secreções respiratórias ou contato direto com as lesões em fase ativa. Acomete igualmente ambos os sexos, com predomínio entre os 2 e os 10 anos de idade, sendo a maioria dos casos diagnosticados no fim do inverno e no começo da primavera – afirma.
De acordo com o médico, a catapora tem um período de incubação de 10 a 21 dias, porém na grande maioria dos casos os sintomas se iniciam cerca de 14 dias após a infecção.
– Se a criança entrar em contato hoje com o vírus, você pode contar 14 dias que é quando os sintomas da doença vão se iniciar. Os primeiros sintomas são febre baixa, mal-estar, dor de cabeça e dores musculares, seguidos, após cerca de 48 horas, pelo aparecimento do clássico quadro de manchas e lesões na pele, inicialmente na face, no couro cabeludo e no tronco. Disseminando-se posteriormente para as pernas, braços e acometendo também a boca, narinas e genitais – explica.
As “feridas” vermelhas que aparecem na pele evoluem, em 12 a 24 horas, para “bolhas” e, depois, “casquinhas”. Nesta fase a doença costuma provocar bastante coceira. Após cerca de 7 dias, as “casquinhas” começam a cair. A intensidade e gravidade das lesões são bastante variáveis, com uma tendência a maior número de feridas e sintomas em adolescentes e adultos.
Apesar de ser uma doença geralmente branda e benigna, a catapora pode apresentar complicações, principalmente em em pessoas que estejam com a imunidade comprometida:
– Neste caso, pode haver infecções de pele, pneumonias, manifestações neurológicas, complicações nos rins, fígado, etc. A complicação mais comum é a infecção da pele. Uma dica importante, portanto, caso o seu filho apresente catapora, é manter uma higiene rigorosa das mãos, corpo e das unhas, para evitar estas infecções – orienta.
O médico recomenda bastante cuidado às mulheres em início de graviez, pois a catapora pode provocar má-formações no feto.
– É preciso se precaver também nos últimos dias da gestação antes do parto, pelo risco da varicela perinatal no recém-nascido, que geralmente é associada a uma forma mais grave da doença – alerta.
Na maioria dos casos, o tratamento é feito com medicamentos sintomáticos, para atenuar a febre e o prurido.
– Em raras situações, de acordo com a avaliação médica, pode ser necessário o uso de um antiviral específico.
Desde 2013, a vacina de varicela em dose única faz parte do calendário de imunicações do Ministério da Saúde. Ela deve ser dada aos 15 meses de idade.
– Uma dose da vacina confere bons índices de proteção, principalmente contra as formas graves de doença. Nos raros casos de catapora em crianças vacinadas, a doença ocorre de forma leve, geralmente sem complicações.
De acordo com o médico, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda uma segunda dose da vacina, com pelo menos 3 meses de intervalo, até os 2 anos de idade, com o objetivo de otimizar a eficácia da vacinação e com isso diminuir o risco da ocorrência de casos de catapora em vacinados. No entanto, por se tratar de uma vacina de vírus vivo atenuado, está contraindicada para gestantes e pessoas com imunidade comprometida.