Obstetra explica quais são os sinais que indicam que o trabalho de parto começou
Como identificar que chegou a hora? A que sinais a gestante deve estar atenta para saber que é o momento de ir para a maternidade? Segundo a ginecologista e obstetra Cristina Carneiro, a mulher está entrando em trabalho de parto quando as contrações passam a ocorrer em intervalos regulares que vão diminuindo e a intensidade vai aumentando gradualmente também.
– A partir do início do terceiro trimestre de gestação, a mulher já pode começar a sentir algumas contrações, mas estas ocorrem em intervalos irregulares e espaçados, a intensidade destas contrações permanece sempre a mesma, o desconforto se dá principalmente no abdome inferior e é aliviado com sedação ou outras medicações. Com a aproximação do fim da gestação, em torno de 37 – 38 semanas a gestante deve estar mais atenta às contrações e marcar seu intervalo e intensidade – explica a médica, lembrando também que durante o trabalho de parto, há um desconforto nas costas e no abdome que não melhora com sedação ou outras medicações.
Outro sinal é a dilatação do colo do útero, mas este só pode ser percebido pelo médico ou pela enfermeira obstetriz durante o exame de toque no hospital. Então, quando ligar para o obstetra e ir para a maternidade? De acordo com Cristina Carneiro, o momento chegou quando uma contração é sentida a cada 10 minutos pelo menos, e para isso é preciso marcar no relógio durante 30 minutos e, de preferência, deitada do lado esquerdo; ou ainda quando a bolsa se romper, levando à saída incontrolável de líquido pela vagina. Além disso, também são sinais de que é preciso ir ao hospital quando há sangramento vaginal ou quando o bebê parou de se mexer. No fim da gestação é normal uma diminuição dos movimentos fetais, mas ele não pode parar por completo.
– Durante o trabalho de parto, a bolsa pode se romper pelo aumento da pressão intrauterina. Caso ela não se rompa espontaneamente nesse período, o médico que está assistindo a parturiente vai fazê-lo oportunamente e assim proporcionar um trabalho de parto mais rápido, permitindo a detecção mais rápida dos casos de aparecimento de sofrimento fetal – afirma.
A orientação médica é de que durante o início do trabalho de parto a mulher não fique restrita ao leito. Ela pode caminhar, tomar banho, sentar em poltrona confortável e no leito deve ficar na posição mais confortável, geralmente em deitada de lado. A ingestão de alimentos e líquidos deve ser suspensa durante o trabalho de parto e o parto, pois durante este período o esvaziamento gástrico torna-se mais lento e há o risco de vômito e aspiração para o pulmão.
Segundo a obstetra, a analgesia é iniciada de acordo com o desconforto da parturiente desde que a dilatação seja maior ou igual a 2 cm. Os exames de toque são realizados dependendo da evolução do trabalho de parto, mas devem ser realizados obrigatoriamente logo após a rotura da bolsa, se a cabeça do bebê não estiver encaixada no exame anterior à rotura. A dilatação deve evoluir pelo menos 1cm por hora, caso isso não ocorra, deve-se assumir uma conduta ativa no trabalho de parto inicialmente com a rotura artificial da bolsa e caso não seja efetivo deve-se avaliar as condições da parturiente e do feto e tomar as condutas pertinentes.
– Quando a mulher está com dilatação completa e o bebê já desceu, ela sente vontade de fazer força para baixo e desenvolve urgência de evacuar. Este é um sinal de que o bebê está nascendo! As contrações ficam mais fortes e duradouras (duram cerca de 1,5 min com 1 min de repouso). Neste momento a paciente deve ser levada para a sala de parto ou caso já esteja na sala deve ser colocada em posição para o parto – orienta.
De acordo com Cristina Carneiro, várias alterações durante o trabalho de parto podem levar à indicação da cesárea, tais como sinais de sofrimento fetal, desaceleração dos batimentos cardíacos do bebê após as contrações ou outras alterações verificadas pela cardiotocografia intraparto realizada durante o trabalho de parto.
– Além disso, há casos em que a mulher tem contrações efetivas, mas que não correspondem à dilatação do colo do útero; ou ela sente contrações efetivas, tem dilatação, mas não há progressão da apresentação fetal, ou seja, o bebê não desce; ou ainda quando há um sangramento vaginal importante, que pode indicar rotura uterina ou descolamento prematuro de placenta, esclarece a médica, lembrando que pode haver outras situações que levem à decisão de transformar o parto normal em cesárea a fim de preservar a vida da mãe e/ou feto.