A Sociedade Brasileira de Pediatria dá orientações quanto à prevenção de riscos. Leia a entrevista
“No quarto dia de vida da minha filha (o segundo fora da maternidade), ela se engasgou ao golfar. O rostinho chegou a ficar de outra cor, e não é exagero de mãe. Nem precisa dizer que fiquei desesperada. Instintivamente, a coloquei de cabeça para cima, soprei a testa e devo ter feito outros mil gestos em um segundo. Então, a virei de bruços, e pressionei dois ou três dedos nas costas, repetindo o que havia visto em um programa de TV, pouco antes de dar à luz. Por isso, a matéria a seguir foi escrita pensando em alguns cuidados que podemos ter quando nos deparamos com pequenos e comuns acidentes com nossos filhos. Usei exemplos que aconteceram na minha família: criança engolindo peças de brinquedos, colocando feijão dentro do ouvido e pedaço de esponja dentro do nariz, quebrando dente etc.”
Por mais que sejam cercadas de cuidados, crianças estão sempre tropeçando, engasgando, batendo com cabeça. Na maioria das vezes, sofrem apenas uma arranhão, desengasgam sozinhas e não levam mais do que um susto. Mas para os pais, ou para quem toma conta dos pequenos, os acidentes domésticos são sempre motivo de preocupação. Membro do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria, o médico Aramis Lopes chama a atenção para dois comportamentos importantes para lidar com esse tipo de situação: um é não fazer às vezes de médico, e sempre procurar a orientação de um profissional; o outro está relacionado à prevenção, pois com criança vale o ditado “todo cuidado é pouco”.
– O maior cuidado que os pais devem ter com seus filhos é o de estar atento às possibilidades de acidentes, adequando o ambiente para que os riscos sejam reduzidos. A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda um checklist para identificar as medidas de segurança a serem tomada – diz o pediatra.
Entre os cuidados básicos, estão deixar fora do alcance da criança objetos cortantes e tóxicos, usar protetores em tomadas elétricas, e cercar janelas e varandas com grades ou redes (veja a lista da casa segura).
Os cuidados, é claro, são imprescindíveis para reduzir os riscos de acidentes. Mas e quando eles ocorrem? Um bebê, por exemplo, pode se engasgar mamando.
– As crianças menores de cinco anos apresentam as vias aéreas estreitas e podem se engasgar com alimentos e pequenos objetos. O bebê pode se engasgar até com leite e, por isso, é recomendado colocá-lo para arrotar após as mamadas, evitar sacudi-lo e ou mesmo trocar as fraldas logo após a a alimentação – diz a presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da SBP, Marislaine Lumena.
Mas talvez os acidentes mais comuns sejam cair e bater com a cabeça. Nesses casos, muitas pessoas não deixam a criança dormir. Segundo Marislaine, o problema não está no sono, mas em sintomas como vômitos e convulsões.
– A gravidade vai depender da altura, da superfície do impacto e da idade da criança. A preocupação em não deixar a criança dormir é pela possibilidade de ela entrar em coma e o quadro não ser percebido. Ela pode dormir, sim, desde que seja acordada com frequência. É importante também verificar se ela abre os olhos, movimenta braços e pernas, e responde às perguntas adequadamente. Em caso de vômitos, perda de consciência e convulsão, é preciso levar a um serviço de emergência médica.
Dr. Aramis Lopes: Verificar o que ocorreu, colocar gelo para diminuir o sangramento, reduzindo a possibilidade de inchaço, e procurar um dentista rapidamente. No caso do dente entrar na gengiva ou cair, a conduta será a mesma. Se encontrar o dentinho no chão, coloque-o em um recipiente com leite e leve-o quando for ao dentista.
Dr. Aramis: Existem manobras para quando o bebê engasga. Veja as orientações ilustradas no Departamento Científico de Segurança da SBP
Dr. Aramis Lopes: Não deve ser feito nada em casa. A tentativa em retirar objetos do nariz, garganta ou ouvido pode levar a danos ainda mais graves. A conduta correta é levar a criança ao serviço de emergência imediatamente.
QUEM CORUJA: Mas talvez o mais comum dos acidentes seja bater com a cabeça. As pessoas costumam dizer para não deixar a criança dormir após a pancada. Estão certas?