É importante ter orientação médica para evitar alergias e outras reações adversas
Cabelos sedosos, pele maquiada, corpo perfumado. Estar grávida não impede a mulher de cuidar da beleza. Mas é preciso ficar atenta aos cosméticos utilizados. Nem todos produtos são indicados para gestantes. Pesquisa realizada pelo instituto Ipupo Educacional, que reúne profissionais do mercado cosmético, nutracêutico e farmacêutico em todo o Brasil, mostra que a maioria das grávidas desconhece os riscos que o uso de cosméticos pode trazer durante a gestação.
– Infelizmente, a maioria dos cosméticos é imprópria para gestantes. Nos últimos anos, foi evidenciado que estamos expostos a uma grande variedade de produtos que exercem alguma atividade endócrina (que afetam os hormônios) . Esses produtos são classificados como Endocrine-Disrupting Chemicals (EDCs). Entre os EDCs, estão os ftalatos, fenóis, parabenos, triclosan, benzofenona-3 e outros filtros solares.Todos são amplamente utilizados em formulações cosméticas ou em suas embalagens – alerta o farmacêutico e especialista em Cosmetologia, Hermano Pacheco, que atua na Consulfarma Assessoria Farmacêutica e foi um dos organizadores da pesquisa do Ipupo.
A pesquisa foi realizada em setembro de 2015, em Campinas (SP), com mil gestantes. Cerca de 80% das entrevistadas disseram ter utilizado perfumes durante a gravidez, sendo que quase 95% delas não tiveram indicação de um médico na escolha desse perfume. Mais de 60% das entrevistadas também revelaram que usam filtro solar sem orientação de algum médico. Segundo Pacheco, por conta das mudanças ocorridas no corpo durante a gestação – e que variam de mulher para mulher -, é importante ter uma orientação médica para evitar problemas, como alergia.
– Primeiramente, elas devem consultar um dermatologista para aliar o seu tipo de pele. A gravidez acompanha muitas alterações hormonais que podem deixar a pele da mulher mais sensível. Nesses casos, muitos ingredientes, inclusive alguns naturais podem ser contra-indicados pelo médico para evitar qualquer reação de irritação ou alergia. Após a consulta com o dermatologista, ela pode mandar manipular seus próprios cosméticos receitados pelo médico e pedir indicações de
farmacêuticos sobre os melhores ingredientes ativos ou outros ingredientes que fazem parte da base dessas formulações. Por exemplo, os parabenos são preservantes utilizados em muitas formulações e hoje sabemos dos riscos que eles trazem, pois são considerados EDCs. O farmacêutico pode indicar uma formulação contendo outro preservante mais seguro. O mesmo acontece com os ftalatos que são normalmente utilizados em perfumes como solventes e fixadores e também são considerados EDCs. A benzofenona-3 é um filtro solar presente em muitos fotoprotetores e também deve ser evitado, junto de muitos outros que somente o médico e o farmacêutico podem indicar a troca por um ingrediente mais seguro – afirma Pacheco.
Segundo os estudiosos do Ipupo, apenas pouco mais de 30% das grávidas fez uso de hidratante indicado por um médico. Para os especialistas, a atenção com os cosméticos durante a gravidez deve ser redobrada devido À função dos hormônios que entram em cena neste período e podem causar reações variadas. E o risco, claro, se estende ao bebê.
– Pode causar problemas para ambos. Os ftalatos, por exemplo, são encontrados em muitos cosméticos e têm sido associados, em humanos, com parto prematuro e aumento das chances de alergia e asma, além de afetarem o sistema reprodutor masculino, incluindo a redução do tamanho do pênis, criptorquidia e diminuição da distância anogenital – explica Pacheco.
