Pesquisas ressaltam relação entre performance acadêmica e atividades físicas
Todo mundo sabe que o sedentarismo nunca fez bem para ninguém. Isso vale para a vida toda, inclusive para as crianças em idade escolar. Segundo a psicopedagoga e psicomotricista Luciana Brites, a estimulação do corpo contribui para o melhor desenvolvimento do cérebro. Resultado: crianças ativas se saem melhor na escola. Pesquisas recentes indicam que existe uma relação entre performance acadêmica e atividade física e constatam que o exercício físico possibilita um aumento do fluxo de oxigênio para o cérebro melhorando os níveis de neurotransmissores que reduzem o estresse e ainda melhoram o humor.
– Ao nos exercitarmos liberamos neurotransmissores no cérebro, que regulam humor, prazer, entre outros. Para as crianças é muito importante, pois as que são mais ativas, isto é as que fazem atividades físicas, que interagem e brincam mais com seus pares se saem melhor não só na escola, mas na vida. Isto porque toda a atividade motora é organizada pelos sistemas cognitivos, e quando uma criança se movimenta, quer fazendo uma atividade física quer brincando, ela está estabelecendo sistemas mentais que dão suporte à atividade motora – explica.
Dessa forma, a criança é estimulada globalmente, tanto nos aspectos biológicos, como cardiovascular, como também fazendo delas mais ágeis e desenvolvendo habilidades sociais e cognitivas.
– Ao realizar diferentes tarefas, como correr, pular e até brincar de se fantasiar, os pequenos são estimulados de diversas maneiras. Dessa forma, a atividade contribui positivamente para as estruturas corporal (ossos, músculos e nervos) e cognitivas.
Diante disso, a instituição de ensino que promove bons hábitos físicos contribui para o desenvolvimento dos alunos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza para jovens de 7 aos 17 anos 60 minutos de atividade física, de moderada a intensa, devendo ser aeróbica. Isto é, atividades como correr, pular, enfim, que possibilitem ampla movimentação. Mas, lembra Luciana, é preciso ter equilíbrio em tudo.
– Ao brincar, a criança também está fazendo atividade física, e esta atividade tem que ser prazerosa e não por obrigação. Tudo que somos obrigados a fazer tende a ter menos sentido. Por isso, é importante sempre analisar a idade da criança, o nível de desenvolvimento motor que ela se encontra e trabalhar com atividades que desafiem, mas que a criança consiga cumprir para ser motivada a fazer as atividades – orienta.
Para a pedagoga Magda Asenete, na escola, o profissional tem que canalizar a energia dos menores para tornar a ocasião proveitosa, prazerosa e educativa.
– O professor deve orientar e coordenar os alunos sobre o que fazer. Isso exigirá deles atenção, concentração, saber ouvir e interpretar o que se pede. Dessa forma, eles aprendem a necessidade de ter conhecimento daquilo que será solicitado a fim de ter resposta imediata. Quando corretamente
executado, leva-se à conquista de pontos ou do jogo. O estímulo torna-se um aliado fundamental para o desenvolvimento delas – afirma.
Magda ressalta também que essas ocasiões podem ser usadas para ensinar os alunos sobre o respeito entre os colegas. Por conta de diferentes personalidades numa mesma turma, algumas são mais calmas e outras gostam de mais agitação.
– Em aula, o professor precisa mostrar que o mais importante é entender que cada colega tem seu ritmo próprio e que todos podem interagir socialmente de maneiras diferenciadas. Para tanto, basta que haja respeito mútuo, independentemente da idade, dos gostos esportivos e dos tipos de comportamento – conclui.