A candidíase pode aparecer, e ser tratada, durante a gestação
Além do inchaço de pés e pernas e queda de pressão, os hormônios gestacionais podem causar mudanças físico-químicas no trato genital inferior, o que predispõe o surgimento da candidíase.
– Dentre os agentes causais das vulvo-vaginites na gestação, encontramos a infecção por fungos ou leveduras (candidíase), comumente provocado pela Candida Albicans. Sua frequência alcança índices entre 75 a 80%, pode surgir em qualquer momento da gravidez e é causador de leucorreia (corrimento) com aspecto de leite coalhado, acompanhado de vermelhidão local de pele da vulva e da mucosa vaginal e de ardência e/ou coceira genital. Não raramente, o episódio agudo pode se repetir em outros momentos da gestação, causando grande desconforto – explica o ginecologista e obstetra Claudio Basbaum, no Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.
Mas não há motivos para se preocupar. A candidíase pode ser tratada em mulheres grávidas e não representa risco ao bebê.
– A candidíase sintomática pode e deve ser tratada fora da gravidez e durante a gestação, objetivando o alívio dos sintomas e prevenção das recidivas. Sempre que possível, procurar identificar a presença do fungo através do exame laboratorial do material colhida na vagina. O tratamento durante a gravidez deverá ser realizado exclusivamente por via vaginal, seja com cremes ou óvulos, por períodos em média de sete dias, sempre acompanhado de instruções gerais sobre hábitos e higiene, tipo de vestuário, uso de produtos inadequados nos cuidados genitais, cuidados com roupas íntimas, principalmente, evitando permanecer com roupas de banho úmidas. É importante enfatizar, que a manifestação de um quadro de candidíase não causa qualquer problema para a saúde do bebê, mesmo que a crise esteja presente do momento do parto – ressalta o médico.
É importante lembrar também que a presença de cândida faz parte da flora bacteriana da vagina, que, em condições normais, não causam nenhum problema.
– Durante a gestação , em consequência ao aparecimento das grandes alterações hormonais próprias do momento – em particular , a elevação dos níveis estrogênicos – pode sobrevir desequilíbrio da micro-flora vaginal, acompanhada de mudanças no pH local , fazendo com que haja um crescimento excessivo da cândida que ali convivia em perfeita harmonia , fazendo parte até mesmo do que chamamos de “flora vaginal normal” . Ou seja, a simples presença da cândida não tem maior significado clínico, visto que o corpo humano é hospedeiro natural deste microrganismo, desde que não esteja proliferado exageradamente. É neste momento que surgem os sintomas que nos rotulamos sob o nome de candidíase. Em condições de equilíbrio, o fungo habita inclusive o corpo do bebê, proveniente do contato com pele da mãe , familiares ou objetos que tragam o fungo em sua superfície (chupetas e mamadeiras, por exemplo) sem qualquer consequência desfavorável sobre sua saúde. Quando se multiplica em excesso, em certas situações, como uso de antibióticos, diabetes , má higiene e diminuição de imunidade, pode causar o chamado “sapinho” na boca e lábios do bebê – explica o ginecologista.