A Escola de Balé Dançando para não dançar apresenta o espetáculo “Refavela“, nesta segunda, 21 de outubro, às 19h30, no Teatro Rival Petrobras. A montagem é também uma celebração pelos 25 anos da escola, que atua em oito comunidades do Rio (Rocinha, Cantagalo, Pavão-Pavãozinho, Mangueira, Chapéu-Mangueira, Babilônia, Borel e São Carlos), num trabalho de transformação social através da arte.
– É muito bacana quando se constrói um trabalho e se trabalha com a mesma equipe esses anos todos, vendo frutos desse trabalho se transformando em monitoras, bailarinas, professoras do projeto – avalia Thereza Aguilar, coordenadora do Dançando Para Não Dançar.
O projeto foi criado no Pavão-Pavãozinho e no Cantagalo, em 1994. De lá pra cá, foram muitas conquistas, apesar das dificuldades. Exemplos como a bailarina Ingrid Silva, hoje integrante do corpo de baile do Dance Theatre of Harlem, só fazem Thereza acreditar que está no caminho certo. – A gente comemora sempre. Não só quando vê uma menina como a Ingrid, que está em Nova Iorque. Isso é importante, claro. Mas o mais importante é continuar com esse trabalho aqui mesmo com todas as dificuldades, todos os desafios que temos – afirma Thereza.
Em 2017, o projeto deixou de receber patrocínio da Petrobras, recurso com o qual contou por dezenove anos. As atividades não foram encerradas devido à ajuda do cineasta Walter Salles. Atualmente, e hoje o Dançando para não dançar conta com incentivos da Prefeitura do Rio.
Há ainda os desafios sociais. Oferecer balé em comunidades dominadas pelo tráfico é oferecer uma nova perspectiva de vida para crianças e adolescentes. E por mais que a escola esteja aberta a todos, a resistência dos meninos ainda é grande.
– Temos uma quantidade imensa de meninas no projeto, mas meninos são poucos. Há um preconceito na sociedade. Temos nossos bailarinos já formados, que já são pais, têm família. Nenhuma profissão define sexo de ninguém. As pessoas não entendem que a bailarina precisa de um bailarino para dançar, precisa de um homem forte para segurá-la e levantá-la. diz Thereza, para quem o preconceito só atrasa o desenvolvimento da sociedade – Quando a pessoa gosta da dança é muito difícil ela vencer esse preconceito, principalmente num país tão violento. Acho que a nossa elite tem que começar a mudar este preconceito, mudar essa forma de pensar, e, assim, a sociedade vai mudar e vamos conseguir crescer, pois nenhum tipo de preconceito ajuda ninguém a crescer.
Refavela é um balé contemporâneo, com seis canções de Chico César e uma canção de Chico Buarque e Gilberto Gil. As coreografias são assinadas por Maria Gabriela Aguilar, Samara Mello, Márcia Freire, Paulo Rodrigues e Eduardo Masquette.Num contraponto à realidade de guerra vivida nas comunidades, “Refavela” traz uma história de amor que vê, nas favelas, elementos da mitologia grega.
Refavela
Teatro Rival Petrobras – Rua Álvaro Alvim, 33/37 – Centro/Cinelândia
Dia 21 de outubro (segunda-feira)
Às 19h30
Classificação Livre
Entrada: 1Kg de alimento não perecível
Foto em destaque: Divulgação