Controlar a glicemia durante o pré-natal é fundamental para a saúde da mãe e do bebê
O diabetes pode surgir na gravidez devido à produção de altas taxas de hormônios que dificultam a ação da insulina – hormônio que controla a glicemia do sangue -, e pode trazer riscos para mãe e bebê, alerta o ginecologisa e obstetra da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Antonio Paulo Stockler. Monitorar a glicose durante todo o período gestacional é fundamental para prevenir partos prematuros, morte do bebê e da mãe, infecções, especialmente urinárias e candidíase, e evitar complicações que podem prejudicar o parto.
– Com o boom hormonal da gravidez, a mulher precisa produzir mais insulina que o normal para controlar a glicemia. Caso ela não produza, vai desenvolver diabetes gestacional. A doença, no entanto, é inicialmente tratada de forma simples, com dieta e atividade física. Só será necessário acrescentar a aplicação de insulina, se estas medidas iniciais não produzirem efeito – explica.
De acordo com o especialista, assim que se descobre a gravidez é preciso fazer um exame de sangue para verificar a glicemia. Identificar as gestantes que já possuem diabetes permite iniciar o controle rigoroso desde o começo da gravidez. O exame deve ser repetido em torno da 24ª semana, quando normalmente o açúcar no sangue tende a aumentar.
– Quando surge na gravidez, o problema costuma não apresentar sintomas, por isso a importância da prevenção com exames. Se o quadro de diabetes for confirmado, a gestante deverá fazer dieta alimentar, diminuindo a quantidade de açúcares e carboidratos – afirma Stockler, que é ginecologista obstetra do Hospital Universitário Antônio Pedro e do Hospital Federal dos Servidores do Estado.
Uma vez que se trata de gestação de alto risco, as consultas pré-natais devem ser mais frequentes e a gestante diabética deve ter seus níveis glicêmicos rigorosamente monitorados, através de dosagens capilares diárias (na ponta do dedo) ou glicemias sanguíneas em dias intercalados ou semanais. Havendo manutenção da hiperglicemia (níveis elevados de glicose no sangue), deverá ser iniciada insulina ou ajustada sua dose naquelas pacientes que já utilizavam.
– Caso não haja controle glicêmico adequado da gestante diabética prévia, ela corre maior risco de abortamento, além de má formação fetal. O diabetes na gestação aumenta o risco de desenvolver infecções, episódios de hipoglicemia, pré-eclâmpsia, trabalho de parto prematuro, e cetoacidose diabética, a qual se caracteriza como uma emergência que pode, inclusive, levar a gestante à morte – alerta o médico.