Coruja Gravidez Saúde

Doação de leite materno

Doar leite materno ajuda a salvar vidas de recém-nascidos

O Agosto Dourado acabou, mas o comprometimento de profissionais de saúde em prol do aleitamento materno continua. E a campanha por doação de leite materno também. Mulheres que conseguem doar ajudam a salvar vidas de muitos recém-nascidos.

– A rede de bancos de leite no Brasil é composta por mais ou menos 220 unidades credenciadas, sendo a maior do mundo. Todos os estados têm banco de leite ativo. Pelo menos um para dar suporte aos hospitais e maternidades. Segundo o site do Ministério da Saúde, nosso modelo “alinha baixo custo e alta tecnologia”, servindo de referência para muitos outros países, especialmente aqueles com taxas desfavoráveis de mortalidade infantil. Produzimos muitos estudos e temos reconhecimento internacional – afirma a enfermeira obstétrica e mestre em Enfermagem Patricia Salles.

A pandemia de Covid-19 pode ter gerado algumas dúvidas em relação à amamentação e, principalmente, sobre a doação de leite. Mas especialistas afirmam que, no caso do leite materno, os benefícios à saúde continuam. E a doação ganha ainda mais importância.

– Como o rigor na qualidade sempre foi uma marca do modelo brasileiro, as mudanças com a Covid estão vinculadas à triagem mais rigorosa. Foi provado que a pasteurização é eficaz contra o vírus. Assim, estão todos seguros – diz Patricia.

A doação de leite traz muito mais benefícios do que riscos, diz a coordenadora de enfermagem da Perinatal, Graziela Abdalla.

– Na pandemia, a doação de leite materno pode ficar diminuída por conta de medo do risco de contaminação. Mas, neste momento, a doação deve ser incentivada porque não existem estudos que comprovem a transmissão do coronavírus pelo leite materno. Então, assim como o aleitamento materno, a doação de leite deve ser incentivada – explica Graziela.

Idealizadora do Acalanto, portal sobre obstetrícia e perinatal, Patricia Salles fala sobre a importância da amamentação e da doação de leite materno com a segurança e o conhecimento adquiridos ao longo de duas décadas dedicadas ao estudo do aleitamento materno. Atuando sempre em unidades públicas de saúde, sabe também  o tamanho da importância de orientações e acompanhamento a famílias durante a gravidez e o puerpério. A atual necessidade de isolamento impede atividades como consultas coletivas, reuniões de esclarecimentos para gestantes e mamães. Mas o trabalho não parou.

– Com a pandemia, as consultas coletivas, o Projeto Cegonha de visitação às maternidades públicas da rede, e quase todas os canais mais acessíveis para tirar dúvidas obstétricas e neonatais foram suspensas. As estratégias que permitiam as famílias tirarem dúvidas alteraram. Algumas entidades vinculadas a universidades, às residências de enfermagem, alguns serviços, conseguiram fazer esse serviço pelas redes sócias. Outras pessoas, compromissadas, fizeram por conta própria. Então, observamos não só enfermeiros, mas também médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e outros, produzindo conteúdo nas redes. Os Conselhos federais que regulamentam profissionais de saúde otimizaram as teleconsultas, e, assim, nos adaptamos para proteção de todos – avalia Patricia.

Doação de leite materno sim; amamentação cruzada não

Das propriedades nutritivas para o organismo do bebê aos aspectos emocionais envolvidos no ato de amamentar, passando pela saúde do corpo da mulher, não são poucos os benefícios do leite materno. A doação é muito incentivada, mas segue todo um protocolo de cuidados envolvendo coleta, pasteurização, armazenamento e distribuição. Já a amamentação cruzada (quando uma mulher amamenta o filho de outra) é contraindicada. O perigo está na possível contaminação por doença infecto-contagiosa, como a AIDS.

– A doação de leite humano precisa ser feita em unidades de saúde com banco de leite para que ele seja processado, isto é, avaliado microbiologicamente e depois pasteurizado (que é a forma de esterilizar alimentos) antes de ser ofertado aos bebês internados.  Por isso, a prática de amamentar o filho de outra mãe tem contraindicação absoluta. O leite materno pode trazer doenças quando não há tal tratamento – explica Patricia.

Graziela Abdalla também ressalta a importância da doação de leite como ato de solidariedade.

– A doação de leite materno é e sempre será importante porque é um gesto que salva vidas. Existem muitos recém-nascido que dependem de leite materno doado. Os bebês internados e que não podem ser amamentados pelas suas próprias mães têm a chance de receber os benefícios do leite materno com a doação. Um litro de leite materno doado pode alimentar até 10 recém-nascidos – afirma.

A coordenadora de enfermagem da Perinatal também lista os benefícios do aleitamento materno:

– Para o bebê: protege contra diarreias, infecções respiratórias e alergias; diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes; reduz a chance de desenvolver obesidade; e ainda há evidências de que o leite materno contribui para o desenvolvimento cognitivo do bebê. Para a mulher: redução rápida do peso; retorno rápido do tamanho do  útero; diminuição do risco de hemorragia e anemia após o parto; redução do risco de diabetes e do risco de desenvolvimento de câncer de mama e ovário.

(2) Comentários

  1. Rafaela diz:

    Quero doar mkro no Rio. Como faço?

    1. Marta Paes diz:

      Oi, Rafaela
      Que bacana! Você encontra as orientações no site da Fiocruz (https://portal.fiocruz.br/servico/doar-leite-materno-fiocruz-iff-rj)
      Tudo de bom
      Marta

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