Ensinar e estimular as crianças a pouparem pode contribuir para o futuro
Crianças não entendem o sistema financeiro nem a situação política do país, mas podem, desde cedo, aprender a poupar e internalizar a ideia de democracia. E para isso não precisam mexer com dinheiro nem decorar as características do regime. Esse entendimento pode se dar de maneira lúdica e prática, despertando nelas o interesse e a capacidade de poupar, de não desperdiçar e, principalmente, de saber controlar os impulsos de consumo.
Para Cássia D’Aquino, educadora financeira e especialista em educação infantil, isso não só é possível, mas recomendável. Quanto mais cedo as pessoas aprendem e entendem a importância de poupar, mais chances terão de administrar bem seus recursos e até de contribuir para a economia do país. Há duas décadas, ela desenvolve trabalho de educação financeira voltado para crianças em escolas. É também autora dos livros “Como falar de dinheiro com seu filho” e “Ganhei um dinheirinho – O que posso fazer com ele?”, entre outros.
– Ensinar alguém a poupar é adiar no tempo a realização de algum desejo. Sabemos, por muitos estudiosos, entre eles Freud e Piaget, que a maneira como percebemos as coisas na infância vai influenciar na vida adulta – explica Cássia, ressaltando que não se trata de um ensino de regras financeiras, de valor monetário ou de regime político. – O dinheiro é coadjuvante. Não quero que nenhuma criança fique preocupada com o futuro, pois são apenas crianças. O objetivo é criar condições para que elas compreendam a importância do futuro.
Importância que passa pela confiança. Afinal, é preciso estar seguro quando se fala em investimentos. Ainda hoje, segundo Cássia, o Brasil tem uma das piores taxas de poupança do mundo (não apenas caderneta de poupança, mas qualquer produto para ser usado no futuro).
– Há países onde a taxa média de poupança chega a 30%, 40% ou até 50%. A do Brasil está em 13%. É um absoluto desastre. Enquanto este assunto não for equacionado, não teremos dinheiro para pagar nossas contas – avalia.
É claro que as crianças não precisam e nem têm como entender a situação, mas podem adotar um comportamento propício para poupar. E o segredo está na capacidade de esperar.
– O trabalho tenta colaborar para que a criança aprenda a não ser atendida imediatamente na realização dos seus desejos, mas que seja capaz de suportar esperar – explica a educadora.
Conheça mais o trabalho de Cássia no site Educação Financeira (educacaofinanceira.com.br).