É bonito de ver, e de ler, obras que contribuem para o crescimento da representatividade da literatura negra no Brasil. O livro “Emília e as Rainhas” (selo Artêrinha, editora Appris), escrito e ilustrado por Matheus Lelis, é mais um caprichado exemplo voltado para o público infantil, contando a história de uma menina que durante uma aula percebe não conhecer nenhuma rainha negra e de cabelos crespos como ela.
“A principal mensagem que desejo transmitir com o livro é a importância da representatividade no desenvolvimento da autoestima das crianças. Se ao longo da vida não vemos pessoas com características e origens semelhantes ocupando diversos espaços na sociedade, como os mais elitizados, começamos a nos questionar se conseguimos conquistar também o que sonhamos. Quando pequeno via poucos negros em posições profissionais de destaque. Isso gerava questionamentos profundos, tanto sobre minha aparência quanto meu potencial”, diz Matheus, de 24 anos, nascido na cidade de Goioerê, interior do Paraná.
Além de acreditar que o protagonismo negro nas histórias infantis pode contribuir para acabar com o racismo estrutural no país, Matheus traz em “Emília e as Rainhas” uma homenagem a sua própria mãe, que tem o mesmo nome da protagonista. “Ela fez o possível e o impossível, enfrentando os desafios de ser mãe solo e mulher negra, para me dar uma excelente educação”, diz. Na história, a personagem Emília revisita um conto antigo sobre quatro rainhas negras em busca de inspiração para uma aula temática sobre o período medieval na escola. Mas decide que irá vestida como sua mãe, Laurinda, a rainha de sua vida.
O livro de estreia do autor é resultado do seu trabalho de conclusão do curso de design gráfico na Universidade Federal do Paraná (UFPR). O lançamento oficial acontece nesta sexta, dia 26 de julho, às 19h, na Gibiteca de Curitiba (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 533ª – Centro).