Saiba porque algumas crianças ficam estrábicas de repente. É o que se chama de esotropia acomodativa
Minha filha usa lindos óculos de armação vermelha. De vez em quando alterna com um rosa e outro lilás. Agora, estamos para fazer uma armação amarela. Mas antes de ser fashion foi traumático. Um dia cheguei em casa do trabalho, e encontrei minha filhota vesga. Ela estava com apenas dois anos e nunca havia tido nenhum episódio de estrabismo. Pensei em tombo na creche, alguma doença, fiquei apavorada, e a levei para uma emergência. Só entendi o que havia acontecido alguns dias depois, com o diagnóstico de esotropia acomodativa. Minha filha tinha hipermetropia, e os olhos “buscavam” um ângulo para melhorar a qualidade da visão. A partir de então, ela passou a usar óculos.
– A esotropia acomodativa se trata de um distúrbio ocasionado pela presença de hipermetropia, levando ao desalinhamento do olhar. Geralmente, tem início aos dois anos de vida – explica a oftalmologista Helena Arcanjo.
Outra mãe que passou pelo mesmo susto foi a Relações Públicas Marcele Pontes. A filhinha dela estava com 2 anos e 4 meses quando surgiu o problema.
– De repente, o olhinho entortou e não voltou mais para o lugar. Fiquei desesperada e corri para o primeiro oftalmo que consegui agendar – conta Marcele, que saiu de Porto Seguro (BA) para fazer cirurgia na menina na cidade do Rio de Janeiro.
– A cirurgia foi feita quando ela tinha 6 anos. Fiz no Rio de Janeiro porque na região onde moro não tem nenhum especialista apto a realizar a cirurgia de estrabismo. Existe carência deste tipo de especialidade no interior. A recuperação foi muito boa, ficou com os olhos ardendo e fechados por um dia apenas, tudo muito tranquilo, graças a Deus. Precisou usar colírios por uma semana, não teve problemas – lembra Marcele.
Segundo Helena Arcanjo, o tratamento para esotropia acomodativa é essencialmente clínico, com uso de óculos e tampão, quando necessário. Mas há casos e casos e, a minha filha também passou por cirurgia, que ajudou no alinhamento dos olhos. Ainda existe um pouco de estrabismo, mas passa imperceptível com o uso dos óculos, necessários por conta da hipermetropia.
-Hoje, após um ano e meio de cirurgia realizada, ainda há um pequeno desvio, que de acordo com a médica do Rio e a de Porto Seguro poderá ser corrigido com outra cirurgia. Ela ainda precisa usar óculos, o que é um pouco frustrante. Mas estou satisfeita, continuo levando ao oftalmo de seis em seis meses para acompanhar – avalia Marcele.
A esotropia acomodativa é diferente da congênita, que é quando a criança já nasce estrábica. Neste caso, é necessária a intervenção cirúrgica. O procedimento costuma ser rápido, com alta do hospital no mesmo dia. O melhor tratamento, no entanto, será indicado pelo oftalmologista que acompanhar a criança. Para não passar pelo susto e por todas as apreensões que eu e Marcele passamos, a orientação é levar a criança ainda pequena ao oftalmologista. Segundo Helena Arcanjo, a hipermetropia pode ser diagnosticada antes de a criança ficar estrábica, com um exame de rotina entre 18 e 24 meses de idade.
– Por esse motivo a importância do exame oftalmológico nesse período – destaca a médica.