O fitoterápico ajuda pois contém sacarina, que acaba por desviar a atenção do bebê da dor para o gosto prazeroso
Conhecido de todas as mães, a funchicórea – fitoterápico em pó que contém extrato mole de chicórea, ruibardo em pó, essência de funcho (erva-doce), sacarina e carbono de magnésio – é comumente usada para aliviar as cólicas e a prisão de ventre em bebês. No entanto, segundo a pediatra Cristiana Meirelles, coordenadora da HomePed, no Rio, não existe nenhuma comprovação científica sobre a eficácia dos extratos contidos na funchicórea na ação contra as cólicas.
– Na prática, o pó fitoterápico ajuda pois contém sacarina, um adoçante artificial que garante o sabor adocicado da medicação. Desta forma, a substância acaba por desviar a atenção do bebê da dor para o gosto prazeroso, fazendo-o se acalmar momentaneamente – explica.
A médica, no entanto, não recomenda o uso regular da funchicórea, principalmente entre os bebês que se encontram em aleitamento materno exclusivo, já que a medicação é oferecida na chupeta ou na mamadeira, utensílios que devem ser evitados.
– Além de outros prejuízos, a chupeta e a mamadeira podem levar ao desmame precoce, ou seja, à suspensão da amamentação antes dos 6 meses de idade. E, por conter sacarina, o consumo por crianças no primeiro ano de vida não é recomendado, assim como outros açúcares – alerta.
Em 2012, a venda do medicamento chegou a ser proibida pela Anvisa por falta de comprovação de segurança de um dos componentes da fórmula, o pó da planta ruibarbo que, justamente por ser em pó, poderia sofrer variações na quantidade do princípio ativo. Porém, em 2013, o órgão reverteu a proibição após a empresa fabricante apresentar documentações que comprovam que o princípio ativo não traz riscos à saúde.
A médica explica que a cólica do lactente é muito comum até os 3 meses de vida, período em que o sistema difestivo ainda está imaturo e há dificuldade em digerir alguns componentes do leite, causando a dor. Além disso, há muita formação de gases que surgem porque, quando o bebê mama, acaba engolindo ar, principalmente se a pega (posição no momento da sucção do seio) não estiver correta.
Não havendo medicação comprovadamente eficaz que reduza a dor, algumas medidas podem ajudar. A principal, segundo a pediatra, é restringir a dieta ao leite materno nos primeiros seis meses de vida, pois a sua digestão é mais fácil.
– A amamentação deve ser exclusiva, sem a inclusão de água ou chás que também não resolvem as cólicas. É muito importante que os pais permaneçam tranquilos e lembrem-se de que colo, massagem e carinho são fundamentais para acalmar o bebê na hora do choro – recomenda, lembrando que é fundamental que haja sempre o acompanhamento de perto do pediatra. Caso as cólicas continuem intensas e o choro inconsolável ou se existirem outras queixas, como febre, evacuação com sangue e diarreia, o médico deverá ser procurado!
Outras dicas para os pais no momento da cólica:
– Deite o bebê de bruços.
– Coloque a barriga dele em contato com o seu abdome (o calor ajuda a amenizar a dor).
– Esquente um pano a ferro ou opte por uma bolsa de água quente, tomando cuidado para não esquentar demais e nunca encoste a superfície quente direto na pele da criança. Envolva-a em um pano e coloque sobre o abdome. Em lojas de artigos para bebês, há bolsas térmicas de gel.
– Fique com o seu filho em um ambiente aconchegante, à meia luz e, se puder, coloque uma música relaxante.
– Massagens na barriga ajudam a soltar os gases. Passe a mão com um pouquinho de óleo de bétula ou de amêndoa, em movimentos circulares. Isso aquece o local e acalma o bebê.
– Exercícios com as pernas também contribuem para diminuir as dores e soltar gases. Deite o bebê de costas e flexione as suas perninhas sobre o abdome.
– Banho morno em ofurô, massagem indiana (shantala) e uso de slings também podem ajudar neste período complicado de adaptação do bebê.