Jornal Joca leva notícias ao público infantojuvenil
Expressão da moda, fake news significa notícias falsas, algo que, na realidade não se trata de notícia, mas de divulgação de dados não confirmados (muitas vezes, deliberadamente, inventados). Uma ameaça real, principalmente para as novas gerações.
– Em 2017, uma pesquisa feita pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, mostrou que 40% dos jovens não conseguem diferenciar notícias falsas de notícias reais. Isso significa que nunca foi tão importante estimular o senso crítico e desenvolver o espírito questionador nas novas gerações – avalia Stéphanie Habrich, diretora executiva do jornal Joca, de notícias para crianças e jovens.
Quando surgiu, há 7 anos, o Joca não tinha a intenção de combater fake news, mas hoje é uma ferramenta importante contra elas, trabalhando com notícias e reportagens voltadas para o público infantojuvenil. Um jornalismo que, além do compromisso com a informação, é feito com o propósito de tornar essa informação acessível a esse público.
– Sempre nos preocupamos em trazer a notícia para o mais perto possível do universo da criança e do jovem. Se vamos falar sobre o aumento nas contas de energia elétrica, por exemplo, pensamos em como esses valores mais altos afetam o dia a dia das famílias e em como isso impacta a vida da criança e do jovem. Nosso pensamento, nesse exemplo, está voltado a levar o entendimento do que está acontecendo com a geração de energia do país para que, se informando sobre os fatos, nosso leitor possa economizar energia elétrica em casa com plena consciência da realidade e da importância na mudança de hábitos. Embora, como a maioria dos jornais, o Joca faça entrevista com especialistas em diversas áreas, a opinião da criança e do jovem é a que mais se destaca na publicação. A cada edição procuramos também correspondentes mirins internacionais para comentar uma notícia pela vivência deles mesmos e de seus olhares. Nossa linha editorial preza pela imparcialidade e o bom jornalismo, que ouve todos os lados de uma narrativa – explica Stéphanie.
Energia elétrica, campanha eleitoral, situação econômica do país. Mesmo assuntos que não costumam estar relacionados ao universo infantil são apurados e levados aos leitores do Joca. E apesar da atenção voltada para conteúdos digitais e mídias sociais, o jornal mantém edição impressa, distribuída em escolas e residências, por meio de assinaturas. A formação do público leitor é um objetivo e vem alcançando ótimos resultados.
– Um estudo realizado pela École des Hautes Études Commerciales (prestigiada faculdade da França) e pela Planète D’Entrepreneurs (empresa que analisa o impacto de determinados produtos sobre a sociedade) mostrou que o trabalho com o jornal, na sala de aula ou em casa, aumenta o repertório na fala dos jovens e das crianças. Foram entrevistados mil alunos que usam Joca e mil que não usam. A partir daí, foi feita uma avaliação de impacto comparativo: 26% dos leitores debatem assuntos como Ciências, Tecnologia e Finanças, enquanto apenas 2% dos não leitores falam desses temas; 39% dos não leitores mencionam matérias de crime, violência e entretenimento de massa (celebridades, etc.), enquanto apenas 14% dos nossos leitores o faz; mais de 80% dos leitores, compartilham o que leram com pais, amigos e familiares, empoderando-as e ampliando o repertório e leitura do mundo que elas fazem diariamente; mais de 93% dos professores que utilizam o material em sala de aula o aprovam como importante ferramenta de trabalho. Esses resultados confirmaram algo que, até então, era intuitivo e nos deu força para acreditar no poder e na importância do projeto – afirma Stéphanie.
Um dos maiores desafios do Joca é desenvolver um nicho de mercado, pois o hábito de leitura, infelizmente, não é tão disseminado no Brasil.
– Pesquisas mostram que o hábito da leitura não está incorporado na rotina dos brasileiros. Um estudo feito pelo Instituto Pró-Livro mostrou que ler livros é a 10ª atividade favorita da população, perdendo para práticas como assistir à televisão, ouvir música e navegar na internet – lembra Stéphanie, ressaltando a importância de mudar esse quadro. – Danny Rubin, premiado autor e expert em comunicação para jovens da geração atual, e Assunta Ng, editora do jornal semanal Northwest Asian, listaram algumas razões para exemplificar a importância da leitura diária: a leitura de notícias amplia nossa visão de mundo; A leitura de notícias favorece a criatividade; a leitura de notícias faz com que se aprenda algo novo a cada dia, retardando o envelhecimento; a leitura de notícias aprimora a linguagem e a escrita; a leitura de notícias dá ao leitor ferramentas para se conectar facilmente a pessoas; a leitura de notícias habilita o profissional a posições de liderança; a leitura de notícias é fonte de inspiração, conhecimento e descoberta de soluções para questões variadas; a leitura de notícias desenvolve a capacidade de argumentação tornando o indivíduo um comunicador à frente de seu tempo; a leitura de notícias forma o pensamento crítico; a leitura de notícias nos dá acesso ao esboço do que será história.
O Joca já está presente em mais de 150 instituições de ensino em todo o país, com cerca de 18 mil assinantes, provenientes das escolas ou avulsas. Na internet, o jornal traz notícias atualizadas diariamente e promove interação com o público (comentando notícias, participando de enquetes, enviando sugestões de pautas).
Foto em destaque/Divulgação Jornal Joca