Jornalista Mariana Müller estreia na literatura infantil com o livro “Um Novo Par”
Como encarar os desafios das mudanças na vida? Em “Um novo par”, a jornalista e contadora de histórias Mariana Müller mostra a saga de um par de botas que, na adversidade, acaba encontrando novo destino e novas amizades. Publicado pela editora portuguesa Chiado Kids, com ilustrações do cartunista Marcelo Padron, o livro marca a estreia de Mariana na literatura infantil, mas é também resultado de toda a experiência da autora como educadora e mãe.
A responsabilidade social do trabalho de Mariana também está impregnada na obra, que aborda a questão da educação ambiental. A história se passa em um cenário marinho, e promove a reflexão sobre o descarte do lixo, que acaba poluindo mares e oceanos. O lançamento oficial de “Um novo par” acontece no dia 29 de junho, na livraria da Travessa de Ipanema, no Rio de Janeiro, e em 14 de setembro, em Lisboa, Portugal. A autora vai participar ainda da XIX Bienal Internacional do Livro do Rio, no dia 1 de setembro. O Quem Coruja conhece e aprecia o trabalho de Mariana e traz um bate-papo com a jornalista sobre esse momento especial.
Quem Coruja – A escrita sempre fez parte da sua vida, mas agora você lança oficialmente seu primeiro livro. Qual o gostinho?
Mariana Müller – É um momento muito especial e de amadurecimento da minha escrita. Foram 13 anos de espera para conseguir publicar minha primeira obra infantil. Não foi uma tarefa fácil, mas sempre acreditei nesse sonho. Ao longo desse tempo, eu modifiquei o rumo dos personagens da história e aprendi muito com o ritmo da linguagem falada nas contações de histórias. A sensação é de realização e felicidade, como o nascimento de um filho.
Quem Coruja – Como foi o processo de criação de “Um novo par”?
Mariana – A escrita para crianças é um desafio, porque ela precisa dialogar bem com elas. Inicialmente, o que me tocou foi a palavra: adaptação. A criança está sempre vivenciando uma fase nova na infância, seja na hora de entrar para escola ou provar um alimento novo. Esse assunto estava latente na minha rotina com minha filha Antonia (hoje com 4 anos). Mas o livro tem outro tema que nos deixa em alerta: o lixo humano nos oceanos. A ideia de escrever sobre um par de botas de borracha de um pescador surgiu de uma imagem triste da Baia de Guanabara, no Rio de Janeiro. De uma cena de poluição de uma bota de borracha no mar, mas, que, ao mesmo tempo, me fez sentir parte daquele mar, com a forma da bota de borracha humana na imensidão azul. Era um pedaço do homem que o mar teria que acomodar. E que acomoda há anos. É um assunto sério, bem difícil para vida no planeta. Mas eu queria escrever algo que fosse para comover e ao mesmo tempo sensibilizar, sem tom moralizante. A ideia de conscientizar e estimular a mudança de hábitos requer trabalhar com as emoções.
Quem Coruja – Jornalista, mãe, escritora, contadora de histórias, apaixonada por crianças. O que mais a impulsiona em seus projetos?
Mariana – Um pouco de cada papel social citado. Eu tento me manter conectada com a natureza, crianças e livros. Essa união me motiva. Hoje, também me sinto uma ativista. Estou sempre atuante em alguma causa social. Nesse momento, me reúno com oceanógrafos, biólogos e jornalistas para mobilizar pessoas em um evento de coleta de lixo plástico nas praias. Ao mesmo tempo, escrevi um conto e fiz a narração em um outro evento sobre o autismo para tratar do tema inclusão.
Adorei a entrevista. Estou curiosa para ler o livro. Parabéns pelo trabalho 👏🏽👏🏽👏🏽