Hospital, profissionais e mães têm papeis importantes na UTI Neonatal
A saída da maternidade é o começo de uma nova etapa na vida da mãe e do bebê. Geralmente, a alta é recebida no segundo dia após o parto. Mas, para algumas pessoas, esse momento demora mais, principalmente no caso de nascimentos prematuros, que precisam de cuidados especiais em UTI Neonatal. Segundo o Dr. Renato Procianoy, presidente do Departamento de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), estrutura hospitalar adequada e o acompanhamento da mãe durante o período de internação do bebê são fatores importante para o tratamento.
– Pesquisas mostram que, quando a mãe está presente na UTI, a recuperação do bebê costuma ser melhor – diz o médico.
Para Fabiana Ribeiro, a espera para levar João Pedro para casa foi de um mês. Durante todo esse tempo, ela acompanhou bem de perto o desenvolvimento do filho.
– Acordava, tirava leite para estimular a lactação, me arrumava e arrumava as coisinhas dele, como roupas, meias, luvas e cueiros, e partia para a Perinatal de Laranjeiras. Chegava por volta das 13h e ia embora às 22h30m. Lá, participava de toda a rotina de alimentação, que durante quase todo o período de internação foi através de uma sonda, e troca de fraldas. Também praticava o canguru, o momento mais delicioso do meu dia. O mais difícil era ir embora toda noite e deixá-lo no hospital, por mais competente e dedicada que fosse a equipe da UTI Neonatal – lembra Fabiana.
Dedicação e competência que são imprescindíveis para quem lida com saúde de um modo geral e, pincipalmente, de bebês tão pequenos. Dr. Procianoy destaca a importância da estrutura das UTIs para a saúde dos bebês que necessitam de cuidados especiais e da formação específica dos profissionais que trabalham nesse tipo de unidade.
– A recomendação da SBP é de quatro leitos de UTI Neonatal para cada mil nascidos vivos, mas não é o que vemos no país. Ainda há pouca oferta e, por isso, notícias de problemas com recém-nascidos em hospitais. E o neonatologista precisa fazer dois anos de residência em pediatria e mais dois anos de residência em UTI Neonatal – explica o médico.
João Pedro, hoje prestes a completar seis meses, nasceu na trigésima semana de gestação, devido a um problema nas artérias uterinas de Fabiana que dificultava a passagem de alimento para ele. Ele pesava 1.210kg , e só recebeu alta depois de atingir o peso mínimo exigido pelo hospital, de 2.100kg. O caso dele não é exceção, mas também não ilustra toda a realidade de UTIs neonatais. Para Fabiana, o fato de o filho não ter necessitado de nenhum tipo de intervenção cirúrgica e estar em um hospital de referência também ajudou muito na recuperação do pequeno.
Segundo Dr. Renato Procianoy, não há uma estatística em relação à quantidade de bebês que precisam dos cuidados em unidades de tratamento intensivo, mas os casos mais comuns são de nascimentos prematuros, como o de João Pedro. Ele ressalta, no entanto, a importância da continuidade do tratamento, principalmente, para casos mais graves.
– É muito importante que o próprio hospital ofereça um programa pós-alta. Algumas crianças ficam com sequelas ou precisam manter cuidados especiais ou algum tipo de tratamento depois do período de internação na UTI. Esse acompanhamento também é necessário – avalia.