No mês em que celebramos a memória de nossos antepassados e sentimos a saudade apertar pela passagem daqueles que amamos, é importante lembrarmos a importância do luto. Lembrar que os sentimentos e as reações relacionados a perdas significativas também afetam crianças, que precisam de atenção especial para lidar com o sofrimento. A começar pela forma como a morte pode ser entendida por elas.
– É importante falar da forma mais simples e compreensível para a idade da criança sobre a partida do ente querido. Também é de acordo com o vínculo e grau de significância dessa pessoa com a criança. Perguntas precisam ser respondidas. Deixar sem resposta é pior. A imaginação da criança muitas vezes carrega culpas e medos que precisam ser compreendidos. Acolher as dúvidas e os medos é o principal. Entender a criança para poder responder de acordo – orienta Luciene Rodrigues, psicóloga e arteterapeuta junguiana, especializada em Luto e Perdas Significativas.
Muitos fatores influenciam a maneira de viver o luto, e a idade – seja de quem vivencia o luto seja de quem parte desta vida – certamente é um deles. Nem por isso o luto na infância é igual para todas as crianças. Luciene chama a atenção para a necessidade de reconhecer e respeitar as diferenças.
– Cada luto tem sua característica própria, que vai falar da idade, que vai falar do vínculo do enlutado com a pessoa que morreu, da forma como se deu a morte, se havia sofrimento em quem partiu, da religiosidade dos envolvidos, , enfim, as características são diversas porque os lutos são diversos. Há muitas formas de luto, inclusive lutos não reconhecidos. Um deles, por exemplo, é o luto vivenciado por conta de uma gestação interrompida – destaca a psicóloga.
Todo luto, ressalta Luciene, tem que ter um olhar específico:
– O luto é o cuidado de quem fica e como fica ou ressignifica a própria vida a partir da perda – explica.