Vermelhidão, inchaço, dor. A mastite da lactante é uma inflamação no tecido mamário que afeta duas em cada dez mulheres, trazendo uma série de desconfortos à amamentação. Segundo o Ministério da Saúde, a mastite ocorre mais comumente na segunda e terceira semanas após o parto, mas não está limitada a esse período.
– Muitas mulheres podem se deparar com a mastite durante o período de amamentação. É uma condição que causa não apenas desconforto físico, mas também pode afetar emocionalmente as mães, gerando preocupações e ansiedade – explica a ginecologista Carolina Curci.
Mas o que causa a mastite?
De acordo com Carolina Curci, as reações inflamatórias são uma resposta do corpo ao acúmulo e à pressão do leite não drenado adequadamente. A irregularidade nos intervalos de amamentação e/ou pega incorreta do bebê podem causar esse desequilíbrio. O leite estagnado aumenta a pressão intraductal nas mamas, causando uma série de reações.
– É essencial que as mães sejam orientadas sobre técnicas eficazes de amamentação, incluindo a importância da pega correta e do esvaziamento completo dos seios em cada mamada. A educação sobre amamentação e o suporte contínuo às mães lactantes são fundamentais para minimizar os riscos associados à estagnação do leite e garantir o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê – orienta a médica.
Estudos mostram que cerca de 20% a 30% das mamães de primeira viagem sofrem com mastite. O problema até pode se repetir numa segunda gravidez, mas os riscos se reduzem bastante corrigindo alguns comportamentos.
– Como a mastite vem muito por conta de comportamento – o jeito que faz a amamentação, excesso de água quente, a não drenagem de leite nas mamas – sim, há chance de a mulher ter novamente se não corrigiu as medidas comportamentais. E as mulheres que fumam têm mais chances de ter mastites recorrentes – explica a médica.
A fadiga materna é outro aspecto considerado um facilitador para o desenvolvimento da mastite, destaca a ginecologista. É importante que as mulheres tenham suporte emocional, repouso e hidratação adequada no período de amamentação.
Mastite prejudica a amamentação?
Apesar de exigir atenção e cuidados específicos e mesmo individualizados, a mastite não costuma ser um impedimento à amamentação.
– A depender do grau do antibiótico, se precisou drenar a mama ou operar a mama, a gente continua a amamentação do bebezinho sem problema, mas sem usar a mama que está com a mastite. Em raríssimos casos, a gente pede para suspender a amamentação – explica a médica.
Prótese de silicone pode causar mastite?
A prótese de silicone não prejudica a amamentação e também não causa mastite da lactante.
– Se a prótese é colocada em cima ou abaixo do músculo, não vai afetar a amamentação. O que vai afetar a amamentação de fato são as cirurgias de redução de mama, na qual se retira tecido mamário, e várias cirurgias na mama, pois excessos de cirurgia diminuem o tecido mamário e podem diminuir o volume de leite. Mas a prótese, por si só, não; pode amamentar tranquilamente – diz Carolina Curci.
Mastite e uso de bicos artificiais
Um exemplo comportamental que pode aumentar o risco de mastite é a preferência do bebê por bicos artificiais.
– O uso de chupetas e mamadeiras tende a alterar o padrão de sucção do bebê, podendo causar uma pega inadequada no peito, o que dificulta o esvaziamento completo dos seios – ressalta a ginecologista.
Mastite – Prevenção, cuidados, tratamento
“Garantir que o bebê esteja corretamente posicionado e que o peito seja completamente esvaziado são medidas cruciais para prevenir a mastite”, afirma Carolina Curci. Ela reitera a necessidade de educar as mulheres sobre os cuidados com os seios e a amamentação para evitar essa condição.
Ainda segundo a médica, o uso de pomada de lanolina, produto natural recomendado por especialistas em lactação, ajuda a manter a pele dos mamilos hidratada, prevenindo rachaduras e irritações que podem se tornar portas de entrada para infecções, além de oferecer alívio e evitar complicações para quem já está com alguma fissura. Já o tratamento para mastite vai depender muito do grau do problema:
– Para a maioria das mulheres, medidas como aplicação de calor local, massagens suaves na área afetada e a continuação da amamentação ou extração do leite são recomendadas para aliviar os sintomas e promover a recuperação. Em casos onde há infecção, o tratamento pode incluir o uso de antibióticos.