O Quem Coruja foi saber como a chegada do bebê impactou a vida de três papais
Os primeiros dias (e meses!) de um bebê em casa alteram a rotina, trazem dúvidas e tiram o sono do casal. De um modo geral a mulher se ocupa mais da criança, afinal, é ela quem amamenta, mas os pais se mostram cada vez mais parceiros nesse momento. Como manda o figurino. O Quem Coruja conversou com alguns pais para saber como a chegada do filho impactou a vida deles.
Filipe Siqueira, pai de Arthur, de 3 meses, conta se emocionou muito no dia do nascimento e, em casa, quis participar de tudo para criar laços com ele desde o início.
– Pegava ele no colo, trocava a fralda e dei banho. Confesso que não tinha medo. Não existe nada que não faça com ele. Meu desejo é passar o maior tempo possível com o Arthur. Outra coisa que fiz logo nos primeiros dias foi colocar ele deitado no meu peito para termos contato afetivo. Foi muito bom para mim e acredito que para ele também – diz.
Para Filipe não houve momentos tensos, mas nos primeiros dias, ficava mais preocupado.
– Ainda hoje temos que ficar atento para ver se ele está confortável, se está com fome. Verifico se está respirando enquanto dorme. Quando ele chora, passo o checklist: fralda, fome, febre e cólica. Se não for nada disso, o jeito é lhe dar atenção. E o choro passa – garante.
Já para Júlio César Prudente Claro, pais dos gêmeos Catharina e Thomas, de 6 anos, os primeiros 20 dias em que os dois ficaram na UTI para ganhar peso foram os mais tensos e cansativos.
– Sempre pensávamos que tipo de complicações poderiam ocorrer. A mãe ia cedo e ficava me esperando. Eu saía do trabalho e ia direto para o hospital ficar até o horário permitido na UTI. Nos fins de semana, chegávamos quando abria a UTI e só saíamos quando fechava. Foram dias bem cansativos, inclusive mentalmente – explica.
Em casa se seguiram meses de muita agitação, mesmo com a ajuda da sogra. Mas Júlio César não teve medo de mexer neles:
– Como participei do parto, inclusive no corte do cordão umbilical, acredito que ali, naquele momento, tive a primeira experiência com eles. Troquei fraldas algumas vezes, coisa que imaginava que jamais fosse fazer. Banho, a mãe sempre fazia questão de dar, então minha parte era esvaziar banheira, trazer água quente, secar os dois.
Tenso mesmo era quando choravam, mesmo que não fosse ao mesmo tempo. Júlio César lembra também que as noites passaram a ser mais curtas e o sono, menos profundo.
– As mamadas eram alternadas. A primeira ficava por minha conta, assim a mãe descansava um pouco mais. As seguintes, ela se encarregava, para eu poder dormir mais tempo até o horário do trabalho. A Catharina teve refluxo, então me preocupava com a mãe dormindo sentada no sofá da sala com ela no colo. Isso era angustiante – afirma.
Para Edson Vidal, pai de José Henrique, hoje com quase 2 anos, mas que nasceu prematuro, os primeiros dias em casa até que foram tranquilos. Mas, por conta do baixo peso e da prematuridade, o casal ficou ilhado no primeiro mês.
– Pela questão da prematuridade (ele nasceu com 35 semanas, mas não precisou ficar na UTI), ficamos mais de um mês com ele dentro de casa, com visitas restritas, e saíamos apenas para consultas com o pediatra.
Nos primeiros dias, Edson conta que não conseguiu dar banho e assumiu a parte da mamadeira, já que não foi possível amamentá-lo. Mas hoje, não há nada que não faça com ele.
– Fui dar o primeiro banho com quase um mês. Fralda, demorei um pouquinho também para trocar. No hospital (ele ficou 5 dias lá), as enfermeiras trocavam. Em casa, a mãe, enfermeira com experiência no cuidado de prematuros, trocou mais vezes no início. Como a pele dele era muito sensível, eu tinha receio de pesar a mão no lencinho ou apertar demais a fralda. Geralmente, eu ficava com a parte da mamadeira. Tinha que ter todo um jeitinho e paciência. Eram 30 ml de leite, de 3 em 3 horas, e demorava mais de meia hora até acabar. Hoje, com quase 2 anos, ele arranca da nossa mão uma mamadeira com quase 200ml e toma em 5 minutos.
Segundo Edson, os momentos mais tensos são quando José Henrique fica doente nas noites que fica sozinho com ele em casa, em virtude dos plantões da mãe no hospital.
– Quando ele completou 7 meses, a mãe precisou voltar da licença maternidade e, desde então, ele fica comigo sozinho. Fico responsável por dar o jantar, o banho, a mamadeira e colocar para dormir. Nas primeiras vezes, tudo o que eu queria é que ele estivesse vivo no outro dia quando a mãe chegasse…não dormia direito de tão preocupado. Ia toda hora ver se ele estava respirando.
Os três pais acima concordam quando afirmam que a maior mudança que os filhos trouxeram foi a responsabilidade. Para Júlio César surgiu uma insegurança:
– Você fica imaginando que algo pode acontecer com você na rua ou em qualquer lugar fora de casa, e tem uma família que depende de você te esperando. Desde então, atravesso a rua com cautela, ando com mais atenção.
Filipe acredita que, por ser menino, Arthur vai se espelhar no pai e, com isso em mente, pensa em como dar o melhor exemplo possível.
– Quero que ele seja um boa pessoa, que estude, leia e, claro, seja feliz. É uma grande responsabilidade.
Edson completa:
– Psicologicamente, o que muda mais é a responsabilidade mesmo. O fato de ter de pensar em como determinada ação ou atitude vai afetá-lo. Antes, era mais simples decidir por uma viagem, um restaurante, um passeio, uma comida. Com relação ao comportamento, hoje me policio mais. O caráter dele está em formação. O exemplo é o que eu posso dar de mais importante. É na observação das minhas ações que ele vai moldar o comportamento dele.