Pediatra alerta para risco do mito de que bebês sabem nadar
Se você já ouviu falar que bebês sabem nadar naturalmente, cuidado. Os movimentos que eles fazem na água são chamados de Reflexo de natação e desaparecem por volta dos seis meses.
– Bebês não nascem sabendo nadar. Os movimentos produzidos pelos bebês são reflexivos, presumivelmente devido ao tempo de gestação intrauterino, e, assim, eles desenvolvem certa habilidade na água. Esses reflexos desaparecem com a idade de seis meses. Colocar os bebês em água, deixando-os a nadar por conta própria é fortemente desencorajador. A criança começa a nadar sozinha a partir dos quatro ou cinco anos de idade – esclarece José Gabel, vice-presidente do Departamento de Cuidados Domiciliares da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
O médico explica que o Reflexo de Natação é um movimento intuitivo de autoproteção, levando recém-nascidos a mexerem braços e pernas de forma repetitiva, de modo que fiquem estáveis e não se afoguem, mas que desaparece. As habilidades de nado são adquiridas por volta dos 5 anos, quando as crianças têm mais controle do corpo por conta do desenvolvimento motor. Mas não há idade ideal para se iniciar as aulas de natação.
– Esse tema é controverso e causa de muitas discussões práticas e acadêmicas entre profissionais de educação física e médicos, não há consenso. Alguns pediatras recomendam a prática a partir de seis meses, mas outros indicam somente a partir de 2 a 4 anos de idade. Escolas de natação especializadas em “natação para bebês” oferecem orientações, treinamentos e cursos a partir de 6 meses de idade. É praticada de forma lúdica e recreativa, sem compromisso com as técnicas, para uma adaptação ao meio líquido – diz Gabel.
O pediatra lembra, no entanto, que a natação traz muitos benefícios à saúde para todas as idades:
– A natação contribui para o desenvolvimento motor, psíquico e social. É um esporte considerado completo, pois trabalha todos os mecanismos fisiológicos, como capacidade respiratória e sistema cardiovascular; tem papel na formação da personalidade e inteligência das crianças, além de ser um esporte que não tem idade para começar nem parar de nadar. Melhora a capacidade cardiorrespiratória, o tônus, a coordenação, o equilíbrio, a agilidade, a força, a velocidade, desenvolve habilidades psicomotoras como a lateralidade, as percepções tátil, auditiva e visual, as noções espacial, temporal e de ritmo, sociabilidade e autoconfiança.
