Quando se preocupar com o pé chato?

A formação do arco plantar inicia-se apenas a partir dos 2 anos de idade

Quem foi criança na década de 80 temia as botinhas ortopédicas para corrigir os pés chatos. Hoje, já não se fala (e nem se trata) de pé chato da mesma maneira. De acordo com o ortopedista Antonio Alexandre Faria, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), toda criança nasce sem arco plantar, aquela curvinha na parte inferior do pé.

– Nesta região há normalmente gordura, o que deixa o pezinho totalmente plano. É só a partir dos dois anos que inicia-se a formação do arco, espontaneamente, pelo próprio crescimento da criança – explica.

Este desenvolvimento pode ocorrer até os seis anos ou mais, diz o médico. Segundo ele, o desenvolvimento dos membros inferiores da criança só deve ser motivo de preocupação para os pais em casos de dor constante ou deformidades aparentes ou progressivas.

– Se for observada perda da curvatura dos pés, principalmente por volta dos 8 ou 9 anos de idade, a criança deve ser avaliada por um especialista em ortopedia pediátrica – orienta.

A primeira consulta com o ortopedista pediátrico, no entanto, deve acontecer por volta dos dois anos, ou antes, a pedido do pediatra.

– Essa é a melhor forma de acompanhar a evolução da curvatura do pé – e de checar o desenvolvimento dos ossos em geral. O ideal é que a criança seja analisada por esse especialista uma vez por ano – recomenda.

Andar descalço em superfícies diferentes, correr, brincar e usar sapatos confortáveis (e sem salto), também ajudam a “moldar” o pé.

– A maioria das crianças não apresenta sintomas, além do pezinho plano. Mas se o seu filho não gosta de andar, pede colo a toda hora mesmo sem fazer esforço, conte ao especialista, pois isso pode ser um indício de que algo não está bem.

Segundo o ortopedista, o diagnóstico de pé chato só pode ser feito após os cinco anos quando o desenvolvimento muscular da criança já está completo. Nessa fase, indica-se o uso de uma palmilha para uniformizar a distribuição do peso.

– Hoje, ao invés das botinhas, o que os ortopedistas recomendam é a observação periódica por um especialista para detectar alterações da evolução normal e os casos patológicos.