Confira as dicas do professor Carlos Nadalim para introduzir as crianças no mundo dos livros
É ainda durante a gestação que começa o despertar para a leitura, afirma o professor Carlos Nadalim, do site Como educar seus filhos. Parece estranho mas, segundo estudos, por volta do terceiro trimestre de gravidez os bebês já são sensíveis a sons, inclusive à voz das mães.
– Experimentos demonstram que recém-nascidos são capazes de reconhecer histórias que ouviram quando ainda estavam no útero. Portanto, os pais podem começar a ler para os filhos que ainda estão no ventre materno, sobretudo a partir do momento em que começam a ouvir a voz da mãe – recomenda.
Com relação a que tipo de livro é indicado para que faixa etária, o professor dá algumas sugestões:
Para crianças de 6 a 12 meses – Os livros ilustrados, com figuras coloridas, ilustrações de bebês, animais e objetos são sempre bem-vindos, porque despertam a atenção dos pequenos. A fim de facilitar o manuseio das crianças, deve-se dar preferência às obras cujas páginas são de papelão, pano ou plástico.
Para crianças de 2 a 3 anos – São ótimas opções livros com textos rimados (poesias, parlendas, letras de canções folclóricas, etc.) ou livros que narram histórias somente por meio de ilustrações, sem precisar recorrer à linguagem verbal.
Para crianças de 4 a 5 anos – Devem entrar em cena livros com histórias mais longas e com menos imagens, como contos de fadas e fábulas.
Para aquelas que já sabem ler, o professor indica os clássicos da literatura infantil, como Cecília Meireles, Monteiro Lobato e Mário Quintana.
– Em todos os casos, as ilustrações merecem cuidados. Os pais devem preferir livros cujas imagens espelhem a natureza àqueles em que a distorção e desproporção da realidade são a regra – orienta.
E se a criança, num primeiro momento, não demonstrar interesse? Se ela não parar para ouvir história e nem para ver as imagens? Nesses casos, o professor sugere que se persista com a leitura em voz alta e que se crie uma rotina para ela.
– Mas não exija tanta atenção da criança no momento da leitura. Deixe a criança andar livremente pelo cômodo. Você precisa conquistar essa atenção com a prática constante da leitura em voz alta. O que a criança precisa entender é que, por mais birra que faça, a leitura não será interrompida – explica.
De acordo com o professor, diante de um livro, a posição que um bom leitor ocupa não é tão diferente da de um bom ouvinte. Tanto é que muitas das características que formam um bom ouvinte são exatamente as mesmas que configuram um bom leitor. Vocabulário, memória, consciência sintática e capacidade de fazer inferências são alguns exemplos disso. Logo, é praticamente impossível esperar que uma criança com dificuldades em compreensão auditiva tenha sucesso em compreensão textual.
– A escrita é uma representação da linguagem oral. Quando lemos, resgatamos um “episódio de fala ou de pensamento verbal”. Em geral, as crianças gostam de conversar. E, salvo raras exceções, compreendem o que ouvem. Com seus pais ou pares, falam sobre os mais diversos conteúdos. Assim, se nas conversações elas demonstram interesse por tantos assuntos, por que muitas vezes não expressam o mesmo interesse diante daqueles objetos retangulares, repleto de páginas impressas, que registram justamente episódios de fala que elas tanto saboreiam? Porque, para recuperar e compreender tais episódios, é preciso ler com uma fluência similar àquela que empregamos ao falar.
Para isso, explica, é necessário dominar o princípio alfabético, as regras de decodificação e tantas outras habilidades. Sem isso, por mais que os livros abordem assuntos interessantes, jamais despertarão o interesse das crianças pela leitura. Em síntese: o interesse das crianças pela leitura depende basicamente de dois fatores: da fluência na leitura; e da escolha de títulos relacionados às exigências delas.
Confira outras dicas:
1 – Acelere a leitura, mudando as páginas mais rapidamente. Isso costuma atrair a atenção da criança;
2 – Veja se no cômodo em que você está não há objetos ou estímulos visuais excessivos. Caso haja, mude de ambiente;
3 – Coloque atrás de você livros ricos em ilustrações;
4 – Persistindo a birra, troque de livro.
Se nada disso funcionar, continue lendo, não interrompa, não ceda à birra. O processo de conquista da atenção pode levar algumas semanas. O importante é não ceder.