Sabe aquelas perguntas que só as crianças fazem? Tem as que nos fazem rir, tem as que nos espantam, tem as que nos deixam sem saber o que responder, não é mesmo? A escritora Gisele Moreira resolveu transformar em livro os muitos questionamentos que ouviu das filhas, Lucy e Nina. “Posso fazer uma pergunta? Crônicas para salvar unicórnios” (editora Uiclap) vem mostrar a importância da escuta ativa e afetuosa não só para as crianças como para os próprios pais.
O livro traz 26 histórias desenvolvidas a partir das perguntas das crianças. “Tristeza é doença?” e “Os unicórnios vão entrar em extinção?” são alguns dos exemplos, anotados pela autora.
Quem Coruja – Todas as perguntas reunidas no livro foram feitas por suas filhas?
Gisele Moreira – Sim, todas foram feitas por elas. A maioria pela minha filha mais velha, a Lucy, que hoje tem 8 anos. Foi a partir das perguntas que elas fizeram que eu desenvolvi as crônicas que compõe esse livro.
Quem Coruja – Nem sempre temos respostas para dar às ingênuas, engraçadas, desconcertantes ou espirituosas perguntas feitas por nossos filhos. “Posso fazer uma pergunta?” não é um manual de perguntas e respostas, mas um exercício de escuta afetiva. O que foi, para você, responder às curiosidades de suas filhas e como surgiu a ideia do livro?
Gisele – Desde que minha filha mais velha começou a falar, eu anoto as perguntas e frases dela. Para uma escritora, isso virou um livro de inspirações. Ano passado eu revisitei essas anotações e comecei a transformar em crônicas tudo aquilo. Eu percebi que um livro inspirado em perguntas das crianças podia divertir e encantar, mas, acima de tudo, abrir os nossos olhos adultos para a magia que acontece quando escutamos as crianças, quando prestamos atenção nelas e mantemos um diálogo.
Quem Coruja – O livro traz perguntas feitas por crianças, mas de que forma pode ajudar no diálogo com a criança interior do adulto?
Gisele – Acho que à medida que crescemos, vamos perdendo um pouco a nossa criatividade e nosso espírito perguntador. A cada pergunta que as meninas me faziam, eu voltava um pouco para a minha infância. Inclusive eu falo sobre isso na crônica intitulada “onde fica o fim do mundo?”, na qual uma pergunta da Lucy me faz voltar pro meu grande questionamento da infância. Acho que revisitar esses momentos pode nos lembrar o quanto somos criativos e podemos voltar a ser sempre que preciso.