Chegou a hora de aumentar a família? Então, confira quais são as recomendações dos médicos
“Muitas vezes a gravidez simplesmente acontece, mas não são poucos os casos de planejamento familiar ou de tratamento especial para ter filhos. E é para aquelas que já começaram a pensar em ser mães que abordamos, logo na estreia do Quem Coruja, a questão da fertilidade.”
Com o casamento feliz e o trabalho estabilizado, muitas mulheres decidem que é hora de pensar em ampliar a família. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de metade das gestações mundiais não são planejadas. No entanto, nos casos em que há planejamento, o que os médicos indicam? Como a mulher deve se preparar?
A ginecologista e obstetra Daniela Gouveia, diretora clínica da VIVID, recomenda que a mulher procure seu ginecologista seis meses antes da parada do método anticoncepcional, para colocar exames e vacinas em dia. Outra providência, segundo ela, é tomar ácido fólico três meses antes do início das tentativas.
– Algumas vacinas precisam de três doses em seis meses, esperando mais um mês antes de engravidar, como a hepatite B. Quanto aos exames, devem ser pedidos a ultrassonografia endovaginal e de mamas, o preventivo e a captura híbrida para HPV (vírus de transmissão sexual e que em atividade pode passar para o bebê no parto). Além disso, é aconselhável fazer exames de sangue para diagnosticar anemias, alterações de glicemia, colesterol, verificar as funções dos rins, fígado e tireóide e descartar doenças como HIV, hepatites, citomegalovírus, toxoplasmose, sífilis, rubéola, e saber o tipo sanguíneo. Depois de tudo certinho, a mulher fica liberada para tentar – explica.
Foi assim com a professora Gileade Godoi , mãe de Caio, de 2 anos. Antes de parar a pílula foi à ginecologista e realizou vários exames.
– Falei para a médica que queria engravidar e ela me passou vários exames para ver as doenças que eu já tinha tido – tive rubéola e nem soube -, mandou tomar ácido fólico. Tentei por nove meses e, como já estava com 34 anos, procurei logo um especialista em fertilidade – conta.
De acordo com a ginecologista e obstetra Rosane Rodrigues, especialista em reprodução humana, o ideal é que a mulher registre seu ciclo menstrual para ter maior consciência do período fértil, afinal, ele dura poucos dias.
– Use um calendário para anotar o dia em que seu período começa e termina a cada mês. Metade da batalha para conseguir uma gravidez natural consiste em aprender sobre seu corpo. As mulheres são férteis por apenas alguns dias durante cada ciclo menstrual. Saber como identificar esses dias com testes de farmácia ou identificando certos sinais poderá ajudá-la a direcionar sua atividade sexual e engravidar mais rapidamente – orienta.
A médica explica que a secreção vaginal é o primeiro indício de que o período da ovulação está chegando. Essa pista aparece quando os folículos começam a se formar. Nessa fase, é liberado um hormônio chamado estradiol, que é o responsável pela secreção, um mecanismo de lubrificação que auxilia a entrada dos espermatozoides no canal vaginal.
– Quando começa a preparação para o período fértil, a mulher vai perceber esse líquido, que tem textura de clara de ovo crua, na vagina – diz Rosane.
Durante o período fértil, a temperatura do corpo da mulher também sofre uma leve alteração, diz a ginecologista. Quando medida da maneira correta, essa elevação de temperatura pode ser percebida como mais um indício de ovulação.
– Para descobrir o momento da ovulação, a mulher, assim que entra no período fértil, precisa medir diariamente sua temperatura. A medição tem que ser feita logo que ela acorda, o que é chamado de temperatura basal. O ideal é que ela nem se levante da cama. As mudanças na temperatura são mínimas, mas perceptíveis se feitas da maneira correta. Quando a temperatura tiver uma leve queda e, no dia seguinte, se elevar é um sinal do momento da ovulação. É hora de tentar. Depois do quarto dia de medições mais altas, o período fértil termina – explica.
A progesterona é um hormônio que só é produzido durante a ovulação. E, além de elevar a temperatura do corpo, aumenta o desejo sexual da mulher. Quando isso acontece, o organismo já está ovulando, pois a progesterona só é liberada quando os óvulos amadureceram e já saíram da sua “casa” – os folículos. Além de mais desejo sexual, a mulher também sente mais fome quando o nível de progesterona está mais alto.
– No pico de todos esses “sintomas”, algumas mulheres podem ter uma dor pélvica, essa dor é a indicação concreta de que ela está ovulando. Depois que a mulher ovula, o organismo apresenta altos níveis de progesterona até o dia da menstruação. Como a quantidade do hormônio vai aumentando a cada dia que passa, sintomas como irritação, sensibilidade emocional, desejo sexual elevado e aumento do apetite poderão ser constantes até a menstruação. Caso os sintomas persistam e a mulher não menstrue, esse pode ser um sinal de que seguir as pistas deu certo e a tão sonhada gravidez está a caminho – conclui a médica.
Um ano de tentativas antes de fazer uma investigação mais detalhada
De acordo com a Dra. Daniela Gouveia, em geral, em casais jovens, com menos de 39 anos, sem histórico de doenças, os médicos orientam esperar um ano de tentativas antes de partir para uma investigação mais detalhada.
– Nos casos de mulheres já tratadas de endometriose, por exemplo, que não podem menstruar muitas vezes para que a doença não volte, a espera é de até seis meses, e se não houver gestação espontânea, encaminhamos para tratamento de reprodução humana. Acima dos 40 anos, o prazo máximo também é de seis meses antes de investigar – alerta.
Segundo a Dra. Rosane Rodrigues, os procedimentos para encontrar uma causa específica de infertilidade incluem a avaliação da ovulação (história menstrual e dosagens de hormônios), o estudo das trompas (histerossalpingografia) e avaliação do útero (ultrassonografia transvaginal).
Durante as tentativas para engravidar, cuidados com alimentação e exercícios são fundamentais. Enquanto tenta engravidar, a mulher deve ter uma boa qualidade de vida, com alimentação saudável e prática de atividade física. De acordo com a Dra. Rosane, os exercícios promovem o tônus muscular, a força e a resistência, que ajudarão o corpo a carregar o peso extra da gravidez.
– Os exercícios também preparam a mulher para o esforço do parto e ainda colaboram para que o corpo volte à forma mais rapidamente depois que o bebê nascer – garante.
A médica lembra que a atividade física na gestação também diminui desconfortos físicos, como dores nas costas, prisão de ventre, fadiga e inchaço, além de ajudar a manter o humor mais estável e autoestima e sono em dia.
– Quando a mulher tem um bom condicionamento físico antes de engravidar, ela fica com mais condições de manter um bom nível de atividade durante a gestação, já que não é hora, na gravidez, de experimentar esportes novos ou de mais impacto.
A Dra Denise orienta que a alimentação seja sempre a mais saudável possível, com carnes, frangos ou peixes, legumes, verduras e frutas, mesmo antes de engravidar.
– Se a mulher é saudável, ela não precisa cortar cafeína ou açúcares, apenas usar com moderação – afirma.
E quanto à suplementação, o ácido fólico é especialmente importante, lembra a Dra. Rosane. Ele deve ser tomado antes da gravidez e durante a gestação.
– A deficiência desse tipo de vitamina B está ligada a problemas na formação neurológica do bebê, como a espinha bífida – diz