Sociedade Brasileira de Dermatologia orienta nos cuidados no uso de repelente
Picada de mosquito incomoda e, em alguns casos, é até perigosa. A nova epidemia de dengue é uma prova disso. Não há dúvidas de que é preciso proteger as crianças para evitar não só a doença transmitida pelo Aedes aegypti, mas as lesões e coceira na pele causada pelas picadas. Em casos de alergia, o transtorno pode ser ainda maior. Apesar disso, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) alerta para o perigo do uso indiscriminado de repelentes em crianças.
A primeira recomendação é só usar repelentes com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, fazer a escolha adequada à idade da criança e não passar o produto na pele muitas vezes ao longo do dia. Também é preciso estar atento às fórmulas. Assim como à picada de mosquito, crianças podem ser alérgicas a alguns repelentes.
– Repelentes, em geral, não fazem mal para a pele, exceto no caso de hipersensibilidade a algum componente. Em relação à frequência de reaplicação, os com duração mais prolongada tendem a ser mais eficazes – explica a coordenadora do departamento de dermatologia pediátrica da SBD, Maria Celicia Machado.
Segundo a médica, os cuidados não valem apenas para os produtos industrializados:
– Receitas caseiras podem representar dano à saúde, levando a alergias, queimaduras ou intoxicações, além da falta de eficácia.
As fórmulas também devem ser evitadas em crianças menos de seis meses de vida, e não podem ser aplicadas em peles lesionadas. Dormir com repelente no corpo é outra coisa que deve ser evitada. Sempre que possível, use roupas para cobrir o corpo e mosquiteiros ou telas em janelas.
Apesar de todos os cuidados, vira e mexe os pequenos aparecem com marcas de picadas na pele. Há picadas que inflamam e, nesse caso, Maria Celicia recomenda evitar a manipulação, manter a higiene e procurar o médico que vai indicar o tratamento adequado.
Abaixo, orientações da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD):
Os princípios ativos dos repelentes recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) são:
Icaridina (KB3023): uso permitido no Brasil em crianças a partir de 2 anos de idade em concentração de 25% cujo período de proteção chega a 8 a 10 horas.
DEET: Em concentração de até 10% pode ser utilizado em maiores de 2 anos, sendo que não deve ser aplicado mais que 3 vezes ao dia em crianças de 2 a 12 anos.
IR 3535 30%: permitido pela ANVISA para crianças acima de 6 meses. Seu período de proteção conferido é de 4h.
Existem ainda os repelentes naturais, no entanto, como são altamente voláteis e seu efeito costuma ser de curta duração, não garantem proteção adequada ao Aedes aegypti, devendo ser evitados.
Dicas da SBD:
Procure vestir roupas brancas nas crianças, pois roupas coloridas atraem os insetos, assim como perfumes.
Os dispositivos ultrassônicos e os elétricos luminosos com luz azul são ineficazes.
Não deve-se utilizar produtos combinados com filtros solares, pois eles costumam ser reaplicados com uma frequência maior e os repelentes não devem ser aplicados mais do que três vezes ao dia em crianças.
O suor atrai os insetos.
Não durma com repelente no corpo, lave-se antes.
Leia todo o rótulo antes de aplicar o produto e conserve-o para consulta.
Mantenha os repelentes fora do alcance de crianças e não permita sua auto-aplicação.
Evite o uso próximo a mucosas (boca, nariz, olhos, genitais) ou em pele irritada ou ferida. Para uso na face, primeiro aplique o produto nas mãos e então espalhe no rosto com cuidado.
Evite aplicação nas mãos das crianças e por baixo das roupas. Sempre lave as mãos após aplicar o produto.
Use quantidade suficiente para recobrir a pele exposta e evite reaplicações frequentes.
Se suspeitar de qualquer reação adversa ou intoxicação, lave a área exposta e entre em contato com o serviço de intoxicação. Se necessário, procure serviço médico e leve consigo a embalagem do repelente.