A gengivite pode levar a doenças mais graves e prejudicar mãe e bebê
Os cuidados com a saúde feminina vão desde a escovação dos dentes até uma dieta saudável e uma rotina de exercícios. E isso vale para toda a vida. No entanto, há momentos em que cuidados extras são necessários, como na gravidez. De acordo com o ortodontista Pedro Augusto Benatti, neste período, o organismo da mulher passa por mudanças hormonais que podem afetar todo o corpo, incluindo a gengiva.
– Ela pode ficar sensível e diversas reações podem ocorrer, devido à flutuação hormonal, tornando-a mais suscetível às doenças periodontais como a gengivite que, apesar de amena em seu estágio inicial, pode evoluir para uma doença mais grave, a periodontite – afirma.
A gengivite causa inchaço na gengiva e sangramento, mas, em muitos casos, essas alterações são leves e pequenas, e podem passar despercebidas, o que pode ocasionar danos mais graves. O resultado dessa inflamação e infecção é uma possível destruição dos tecidos da boca que suportam e sustentam os dentes (gengiva e osso), levando à mobilidade dos dentes e, consequentemente, a sua perda.
– Até mesmo o caso mais leve de gengivite tem o potencial de se transformar em uma doença periodontal prejudicial, se não for tratada adequadamente, alerta o dentista.
Embora seja comum a gengivite não causar dor, existem alguns sinais e sintomas que podem apontar a presença da doença: gengivas vermelhas ou inchadas; sangramento ao escovar; halitose (mau hálito); sensação de gosto ruim na boca; gengivas retraídas; gengiva com aspecto lustroso e brilhante; gengivas sensíveis ao toque e a escovação.
Segundo o especialista, muitos estudos indicam que as infecções bacterianas que causam periodontite moderada ou severa em mulheres grávidas aumentam o risco de parto prematuro e bebês de baixo peso. Quanto mais grave a infecção, maior o risco para o bebê.
– Essas pesquisas indicam que as bactérias presentes na boca e nas cáries podem desencadear os mesmos fatores que infecções do trato genital e urinário desencadeariam. Essas substâncias biológicas produzem inflamação no colo do útero, que pode causar dilatações e contrações. Pesquisas também sugerem que a doença periodontal aumenta o risco de pré-eclâmpsia, uma desordem com risco de vida que ocorre em meados da fase final da gravidez e é caracterizada pela pressão arterial elevada – explica.
De acordo com o Dr. Pedro Augusto Benatti, a recomendação é de que as pacientes mulheres realizem um exame clínico periodontal antes do início de uma gravidez. No entanto, um estudo de 2006 no New England Journal of Medicine indica que o tratamento periodontal é seguro para mulheres grávidas. Portanto, se o problema surgir durante a gestação, pode ser tratado com segurança.
O principal objetivo é a redução da inflamação local. A gengivite é uma doença reversível e a saúde é geralmente restabelecida através de uma boa higienização com escova, creme e fio dental.
– O tratamento é focado em reduzir a inflamação local através de uma profilaxia (limpeza) que deve ser feita pelo dentista, removendo a placa bacteriana e qualquer outro resíduo alimentar. Essa remoção pode ser feita com instrumentos específicos. Em seguida, é feito um rigoroso polimento em todos os dentes para diminuir a agregação da placa – orienta.
O dentista ressalta que é muito importante que o profissional oriente a paciente em relação à técnica correta de escovação, que pode variar de acordo com o grau de comprometimento da gengiva, a posição dos dentes na arcada, e a presença de próteses ou restaurações.
– Após a profilaxia, o inchaço e a coloração de gengiva tendem a regredir em 7 a 10 dias, restabelecendo um aspecto rosa e mais firme dos tecidos.