Educação Família

Solidariedade começa na infância

Iniciativas beneficentes também são resultado da educação recebida em casa e na escola

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João Paulo e a guirlanda feita pelas crianças que ajudou. Foto: Álbum de família

Solidariedade é uma das palavras mais ouvidas com a proximidade do Natal. De fato, muitas pessoas e organizações promovem doações em prol de instituições e pessoas carentes nessa época do ano. Mas, para muita gente, a solidariedade não tem data específica para acontecer. Data nem idade. Pois percebem desde cedo a importância de ajudar os outros.

Em agosto, na sua festinha de aniversário de 6 anos, João Paulo Adenes decidiu abrir mão dos presentes e pedir aos convidados que levassem uma lata de leite em pó. Queria doar o alimento a outras crianças.

– Na hora que ele me falou, perguntei se tinha certeza daquilo, pois achei que ele não tinha maturidade para entender que ficaria sem presentes. Passado um tempo, voltei a perguntar, e João não mudou de ideia, disse que já tinha muitos brinquedos e que as crianças precisavam do leite – conta a mãe do menino, Alessandra Velardo.

O resultado foi a arrecadação de cerca de 20 latas de leite em pó e alguns pacotes de fralda, entregues a um orfanato em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Em retribuição ao gesto de generosidade de João Paulo, as crianças da instituição o presentearam, neste Natal, com uma guirlanda feita por elas mesmas, e que ele fez questão de colocar na árvore de casa.

A iniciativa de João Paulo é um exemplo de que solidariedade é algo que se aprende, e desde cedo. Para a pedagoga Cláudia Seixas, ações solidárias devem fazer parte da educação das crianças. Segundo ela, o fato de as escolas envolverem os alunos em campanhas diversas é muito importante para a formação da criança, mas o incentivo maior, ressalta, costuma vir da família.

– É como na leitura. Crianças que costumam ver os pais lendo tendem a ler mais. Assim, quem observa a mãe ou o pai fazendo ações em prol de outras pessoas, tende a seguir o exemplo – diz Cláudia.

Com a experiência de mais de duas décadas lecionando, Cláudia não tem dúvidas de que as crianças estão cada vez mais solidárias.

– As escolas costumam promover campanhas e vemos uma participação grande dos alunos. Minha experiência sempre foi com crianças a partir dos 5 anos, mas mesmo esses pequenininhos demonstram muito interesse. E, na minha opinião, quanto mais cedo houver o incentivo, melhor – afirma a educadora.

E incentivo não faltou a João Paulo. Segundo Alessandra, desde bem pequeno o filho é orientado a compartilhar e a doar.

– Antes do aniversário e antes do Natal, sempre separamos brinquedos para doar. É um hábito em casa. E isso, ele faz desde 1 aninho de idade. A ideia de doar o leite, na verdade, veio da questão do desperdício. Ele não estava comendo toda a comida e eu disse que não devíamos jogar comida fora com tantas crianças no mundo passando fome. E ele quis ajudar de alguma maneira – explica Alessandra.

Como quem faz o bem acaba recebendo tudo em dobro, João Paulo também ganhou muitos presentes de aniversário.

– Quando ele viu as latas, disse: “mamãe, dá para muitas crianças, né? E eu ainda ganhei presentes” – lembra Alessandra.

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